quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Painel sobre mudanças climáticas culpa ação do homem

Painel sobre mudanças climáticas culpa ação do homem
 
Enchente
IPCC deve apoiar tese polêmica sobre formação de tempestades
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) anunciou nesta sexta-feira que as alterações no clima do mundo são “muito provavelmente” causadas pela ação humana.
A expressão “muito provavelmente” do IPCC significa uma probabilidade acima de 90%. Essa declaração é mais forte do que a feita em 2001, ano em que foi lançado o último grande relatório do órgão.
O IPCC previu um aumento de temperatura entre 1,8º C a 4º C, e que esse aumento afetará o clima e a natureza. Como exemplo, foi dito que o sul da Espanha, o sul da França e partes da Itália poderão vir a ser quase inabitáveis.
A previsão é de que haja um crescimento no nível do mar e uma ocorrência cada vez maior de tempestades e furacões.
Cientistas divididos
Especialistas estão divididos. Alguns acreditam que é melhor seguir previsões conservadoras que indicam um aumento de meio metro no próximo século, baseadas em modelos de computadores que excluem o derretimento de geleiras.
Para outros, o melhor seria incluir estimativas de quanta água se originará das camadas da Groenlândia e da Antártica Ocidental.
As decisões tomadas em Paris, nesta semana, provavelmente vão produzir um resumo do estado atual da ciência meteorológica.
O documento do IPCC atrai muita atenção de políticos, cientistas e ambientalistas por representar uma posição definitiva da comunidade científica sobre o problema das mudanças climáticas.
Em Nairóbi, no Quênia, o diretor executivo do programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês), Achim Steiner, disse a jornalistas que as descobertas do painel devem ser “o ponto final em qualquer discussão sobre o que está causando o aquecimento global”.
O relatório completo só deve ser lançado no meio do ano, com capítulos adicionais produzidos pelo IPCC sobre os prováveis impactos do aquecimento global, opções de adaptação e possíveis caminhos para se reduzir emissões de gases poluentes.
É provável que o IPCC manifeste algum tipo de apoio à polêmica teoria de que o aumento da temperatura no mundo contribuiu (com mais de 66% de chances) para a formação de fortes tempestades tropicais em algumas áreas do mundo.

FONTE: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/02/070202_climahumans2.shtml, em 02/02/07.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

África do Sul sediará primeiro observatório de mudanças climáticas do mundo

Está sendo construído, na Cidade do Cado, na África do Sul, o primeiro observatório de mudanças climáticas do mundo. Destinado a observação e fornecimetno de informações científicas sobre as consequencias que o aquecimento global está causando no planeta. O primeiro observatório de mudanças climáticas do mundo está sendo construído na Cidade do Cabo, África do Sul. O observatório terá como foco fornecer informações científicas sobre o planeta e as suas mudanças devido ao aquecimento global.

O Observatório Polaris de Mudanças Climáticas será construído pela International Polar Foundation (IPF). O projeto pretende servir como um caminho para sustentabilidade, oferecendo a visitantes de todas as idades exposições permanentes e temporárias, atividades educacionais e de conscientização, novas formas de apresentar fatos e números sobre o clima, novidades da ciência e inovações do setor.

O vice-presidente do IPF, Nighat Amin, disse que a África do Sul sentia uma "necessidade real e uma profunda vontade de resolver os seus problemas, visíveis por toda parte". O IPF abordou outros países para construção do observatório e constatou a existência de muitos interesses velados. De acordo com Amin, quando o IPF apresentou a ideia para a África do Sul e a Cidade do Cabo, "encontramos tantas pessoas que estavam dispostas a falar conosco e apoiar o projeto que ele deslanchou muito rápido", afirmou.

"O Polaris pretende desmistificar o debate sobre as mudanças climáticas e dar aos visitantes uma visão e compreensão mais amplas sobre o tema, e isso é muito importante porque as decisões que as pessoas tomam hoje afetarão o seu próprio futuro", complementou Amin.

Iceberg gigante em forma tabular

O observatório com 3000 metros quadrados construídos – cuja forma lembra a de um iceberg gigante em forma tabular flutuando sobre a água - contará com uma exposição permanente e dois poderosos símbolos para representar as mudanças climáticas.

O primeiro símbolo será um globo da Terra, ponto focal em torno do qual os visitantes serão guiados durante a visita ao observatório. O globo servirá ainda como uma tela em 3D onde serão projetados conceitos-chave.
O segundo símbolo será um "núcleo de gelo gigante, cortado por uma escada transparente em espiral. Núcleos de gelo são os guardiões da história climática da Terra, datada de até 800.000 anos atrás", informa o IPF.

Complementando a exposição permanente, o observatório oferecerá ainda um programa educacional completo para escolas, com workshops e espaços para exposições temporárias de soluções da ciência, tecnologia e sociologia para uma sociedade de baixo carbono.

Fonte: Administradores.com

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Entrevista com Carlos Scaramuzza e Karen Suassuna do WWF Brasil

Em entrevista, Carlos Scaramuzza e Karen Suassuna, superintendente de conservação e analista de Mudanças Climáticas do WWF Brasil, comentam alterações no código florestal, refutam a ideia de que investimento em uma economia de baixo carbono é perda econômica e incitam o país a forçar posições avançadas de outras nações em desenvolvimento.



Os embates a respeito do Código Florestal são antigos, datam do ano de 1996. Na sua opinião o Código realmente precisa ser reformulado?

Scaramuzza – Não. A legislação vigente precisa é ser implementada. E nesse processo de implementação, as questões que precisam de alguns ajustes devem ser enfrentadas. Na verdade, um ponto que precisa de mudança é o mito de que as propostas de alteração do Código que estão correndo pelo Congresso são baseadas em ciência.

Tanto ambientalistas quanto ruralistas concordam que qualquer eventual mudança deve ser baseada na ciência. Mas a discordância está na escolha do tipo ciência vai embasar essas alterações. Uma ciência enviesada, como aquela na qual se baseia o projeto de reformulação do Código, não pode ser caracterizada como ciência. É preciso sempre ter em mente que os resultados científicos nem sempre vão ser favoráveis a sua posição política.

Em alguns momentos, os ruralistas chegam até a admitir um Código mais rígido na Amazônia. Mas fora deste bioma eles defendem uma legislação mais frouxa. Nós podemos considerar esse foco concentrado na Floresta Amazônica como uma estratégia para desviar a atenção aos problemas enfrentados em outros biomas do país?

Scaramuzza – Sim. Para se ter uma idéia, o Cerrado é o bioma brasileiro mais ameaçado. Metade de sua área está desmatada. E existe uma série de estratégias voltadas para colocar o foco da atenção na Floresta Amazônica, inclusive nas próprias lideranças políticas. O ex-ministro da agricultura Reinhold Stephanes, por exemplo, concordava com o fim do desmatamento na Amazônia, mas não demonstrava interesse em recuperar áreas de outros biomas. Não se pode aceitar esse tipo de troca, pois precisamos também de um ordenamento territorial robusto para as outras áreas do país.

É claro que não podemos esquecer que a Amazônia é a maior floresta do mundo, apresenta uma biodiversidade fantástica. Além disso, é possível promover o desenvolvimento sustentável da região com base na manutenção da floresta em pé. Mas não devemos negligenciar o que ocorre de grave no restante do país.


Essas alterações nos biomas brasileiros podem ser refletidas em setores produtivos do país, e não apenas na área ambiental?

Scaramuzza – Sem dúvida, os eventos climáticos extremos têm um grande impacto na economia. O aumento da incidência desses eventos está relacionado principalmente à região Sudeste, onde está concentrada a maior parte da população brasileira e da atividade econômica. Recentemente, fortes temporais e enchentes pararam São Paulo e Rio de Janeiro. E o caos nessas duas cidades podem trazer grandes prejuízos financeiros para o país. Imagine quantos negócios deixaram de ser fechados.

Isso, claro, sem mencionar as outras consequências das alterações do clima, como a mudança completa da estrutura da produção agrícola do país – que irá gerar um forte impacto econômico no setor.

Karen – Vale ressaltar que alguns analistas financeiros europeus têm identificado uma tendência de crescimento e uma capacidade de recuperação maior nos negócios que envolvam a economia verde. Nas empresas norte-americanas que investiram em tecnologia de produção mais limpa e geração de energia sustentável, por exemplo, o crescimento foi maior do que a média da economia dos EUA. A mesma coisa ocorreu na Europa: as empresas e os fundos de investimento que tinham capital nesses setores sentiram menos os impactos da crise do que aquelas que investiram em outras áreas.


Há como utilizar estes dados e tentar mostrar o lado positivo do investimento em desenvolvimento sustentável?

Karen – Eu não chamaria de lado positivo, mas sim de um efeito necessário, já que é imprescindível uma profunda transformação na forma de produção atual. Ou seja, não podemos usar a energia, produzir bens materiais e commodities agrícolas e explorar florestas como vem sendo feito até hoje. Esse é um grande desafio a se percorrer.

E é preciso ficar mais claro o envolvimento dos vários setores da sociedade com as ações de preservação do meio ambiente. O custo inicial é mais alto, mas sem investimento o negócio não prospera e fica insustentável. Acredito que vamos ver uma transformação tecnológica que influencie a maneira de se produzir e lidar com a conservação da natureza nos processos produtivos.

Aqui no Brasil, por exemplo, o setor de cosméticos vem crescendo muito e apresentando em vários de seus negócios alguma ação relacionada à conservação da natureza. Isso se reflete claramente no padrão de negócio, agregando valor ao produto, conquistando clientes que demonstram preocupação ambiental, enfim trazendo resultados positivos. As duas grandes líderes brasileiras no setor têm esse perfil.

Scaramuzza – E vale lembrar que o risco de uma mudança climática abrupta é muito maior do que qualquer benefício econômico que possa surgir a partir da manutenção do atual modo de produção ou do aquecimento de algumas partes do planeta. O Canadá, por exemplo, pode se tornar um país agrícola. E sem dúvida tem gente fazendo especulação imobiliária na Noruega, ou ainda trabalhando no desenvolvimento de projetos que seguem essa linha. Mas nada disso tira a importância de uma ação rápida de mitigação para evitar os riscos das alterações do clima.

Em relação às negociações internacionais, quais são os principais desafios enfrentados para se alcançar um acordo que contribua no combate as alterações do clima?

Scaramuzza – O grande desafio é ultrapassar o limite do modelo de convenções das Nações Unidas. É muito difícil conseguir avanços em um mecanismo baseado na necessidade de construir consenso, porque o papel de quem quer bloquear as negociações fica facilitado.

Os EUA, uma das nações mais importantes para a mitigação das mudanças climáticas, representam um outro limite no processo da Convenção, porque precisa da aprovação de qualquer medida com uma maioria na Câmara e no Senado, o que dificulta as negociações.

Nós estamos próximos a um momento que vamos tem que passar a trabalhar em outros tipos de iniciativas multilaterais para avançar com a agenda, como aquelas entre blocos de países, ou um trabalho mais junto ao setor produtivo. Tudo no sentido de fazer a agenda se mover.

Nesse sentido, grupos como o BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China) pretendem concretizar uma mudança de cenário. Qual o papel do Brasil nesse grupo?

Scaramuzza – O Brasil precisa fazer com que as outras nações do BASIC avancem no tratamento do tema. É o país mais progressista do grupo, com as posições mais avançadas. Fazer com que as outras nações, como China e Índia, avançassem nas posições adotadas é mais importante do que pedir mais ousadia da postura brasileira. O que o Brasil não pode aceitar é diminuir sua opinião, ou ser freado pela falta de ambição de outros países, ou ainda defender posições tímidas em função de um alinhamento político com outros países do BASIC.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Muitos países e organizações elogiam Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Durban

A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, realizada em Durban,aprovou ontem (11) uma resolução que estabelece os termos de aplicação do segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto. Da conferência, saiu também, a criação do Fundo Verde Climático, destinado a ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar as alterações climáticas. Muitos países e organizações aplaudiram o êxito das negociações. Porém, houve críticas direcionadas aos participantes que são vistos como obstáculos para a chegada a um entendimento.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, divulgou uma declaração em que elogia o sucesso do evento. Para Ban, a decisão de seguir para uma segunda fase de aplicação do protocolo, vai estimular os envolvidos a investir mais no desenvolvimento de capacidade técnica e de infraestruturas. Por outro lado, o êxito das conversações ajudará todo mundo a enfrentar as mudanças climáticas.

Dilma Rousseff, a presidente brasileira, mostrou-se satisfeita com os esforços da delegação do seu país durante o processo de discussão e ressaltou que o êxito da conferência deu nova vida ao Protocolo de Kyoto.

O porta-voz da chancelaria chinesa, Liu Weimin afirmou hoje numa coletiva à imprensa que o país espera que as nações desenvolvidas aumentem o nível de compromisso de redução da emissão e concretizem suas promessas de verbas e transferência técnica.

Liu Weimin disse que a China deseja que os países desenvolvidos se entendam com os em desenvolvimento, a fim de concluir a negociação da segunda fase de aplicação do protocolo de Kyoto na Conferência do Qatar, no próximo ano, e resolver os problemas do Mapa da Rota de Bali.

A Oxfam Internacional publicou um comunicado, dizendo que o saldo da conferência não foi muito bom, e que os países que impediram o progreesso da reunião, como EUA, Canadá, Japão e Austrália, devem ser responsabilizados por esse resultado.

Fonte: http://portuguese.cri.cn/561/2011/12/12/1s143516.htm

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dilma considera positivo resultado da conferência do clima da ONU, enquanto Greenpeace considera um "fracasso"

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, avaliou como positivo o resultado da conferência do clima na África do Sul, na qual foi formulado um mapa do caminho para reunir os maiores emissores de gases do efeito estufa, informou a imprensa brasileira neste domingo.

A Agência Brasil indicou que Dilma telefonou para a sua ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e disse a ela que está "satisfeita com o resultado da conferência, especialmente com a atuação do país durante as negociações".

O mapa do caminho, considerado uma importante arma na luta contra as mudanças climáticas, foi aprovado em Durban neste domingo depois de 14 dias de duras negociações na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês).

Se for aprovado como está previsto em 2015, o pacto será operacional a partir de 2020 e se tornará o principal instrumento na luta contra as mudanças climáticas.

A Presidência brasileira indicou que o acordo ajudará a dar um novo ar às negociações para renovar o Protocolo de Kioto, que expira no final de 2012.

Entretanto, a organização ambientalista Greenpeace criticou a conferência da ONU sobre alterações climáticas, terminada hoje em Durban, que considera um fracasso, defendendo que os governos participantes deviam "sentir-se envergonhados".

Em comunicado, a Greenpeace garante que "as negociações de Durban acabaram da mesma forma que começaram: em fracasso", e que os "governos elegeram escutar os poluidores" em vez das pessoas.

"Fracassou o reforço de medidas anteriores de proteção do clima e manteve-se a distância de novas normas globais para lutar contra as alterações climáticas", explica a organização internacional.

(Fonte: www.google.com)

Durban sofre com efeitos das mudanças climáticas

Nesta sexta-feira, terminou em Durban, na África do Sul, a COP17. Nessa cidade sul-africana, a população mais humilde é a que mais sofre com os efeitos das mudanças climáticas. Nos cinturões de pobreza ao redor da cidade, a água entrou nas casas com o transbordamento dos rios por causa das fortes chuvas.

Veja a reportagem clicando no link abaixo:

Vídeo

Causas e efeitos das mudanças climáticas

Climatologista Carlos Nobre diz que a capacidade do homem de transformar o sistema terrestre não tem paralelo entre as espécies e precisa ser usada para mitigar as mudanças.

O Brasil leva uma vantagem em meio ao esforço internacional para atenuar os efeitos do aquecimento global. Metade das emissões brasileiras provém do desmatamento, sobretudo na Amazônia, uma atividade econômica predatória que rende apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB). “Para países como a China e os Estados Unidos, nos quais as emissões de CO2 estão ligadas principalmente à queima de combustíveis fósseis, a redução impõe severas restrições ao modelo de desenvolvimento econômico, enquanto o Brasil pode contribuir sofrendo muito menos”, disse o climatologista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em palestra realizada em São Paulo no dia 14 de junho sobre a Ciência do sistema terrestre e a sustentabilidade da vida no planeta. “O desafio é encontrar uma solução para a questão da Amazônia que fuja do modelo tradicional baseado na exploração de soja, madeira e pecuária”, afirmou. A palestra de Nobre fez parte da programação cultural da exposição científica Revolução Genômica, que ocorreu no Pavilhão Armando de Arruda Pereira, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Um dos mais renomados climatologistas do país, Carlos Nobre é coordenador do recém-criado Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Inpe. Também integra o grupo de pesquisadores brasileiros que participa do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas que ganhou o Nobel da Paz de 2007 ao lado do ex-vice presidente dos Estados Unidos Al Gore. Por mais de duas horas, Nobre deu uma aula sobre as causas e os efeitos das mudanças climáticas. Começou explicando o conceito de sistema terrestre que é, em resumo, o somatório de todos os elementos vivos e os não vivos e a interação entre eles. “O homem tem um papel especial neste conceito por ser o único ser com capacidade de transformar o sistema terrestre de uma maneira que nenhuma outra espécie viva até hoje conseguiu”, explicou o climatologista.

Citando dados do IPCC, o pesquisador traduziu os efeitos da ação humana no clima. “A temperatura nos últimos 50 anos não parou de subir. Já subiu 0,8º C. Parece pouco, mas na verdade é muito, pois não podemos olhar esse dado como uma mera flutuação da temperatura, mas sim sob a perspectiva de como a Terra processa as variabilidades naturais”, disse Nobre. “De uma Era Glacial até o período Interglacial, a temperatura varia de 5°C a 6ºC, mas isso leva 10 mil, 12 mil, 20 mil anos para acontecer. Nós, em cem anos, aumentamos a temperatura quase 1º C. Isso significa que aceleramos a máquina climática em 50 vezes. O que faz a diferença não é tanto o valor de temperatura, mas o fato de estarmos acelerando a velocidade. Para se adaptar a essa velocidade, o sistema terrestre vai perder muito coisa e a grande questão que se coloca é se, ao perder funcionalidade, ele também perderá condição de sustentar a vida a longo prazo”, explicou.

Nobre expôs os cenários do clima no futuro traçados pelo IPCC. “Se estabilizarmos a concentração dos gases, como o CO2, por exemplo, na faixa de 600 partes por milhão, vai aquecer 1,8°C grau no século XXI e vai aquecer mais meio grau até o século XXIII. O nível do mar vai subir até o ano 3000. Esse seria um cenário. Para estabilizar nessa concentração, nós temos um trabalho muito grande para fazer. Mas se não fizermos nada, aí pode subir 3,4 graus neste século e continuar a subir sem parar”, afirmou Nobre, lembrando que os países têm a obrigação de se preparar para tais mudanças. “Só se fala em reduzir as emissões. Os países desenvolvidos querem envolver todos na redução das emissões e nós, de certa forma, copiamos essa agenda. Mas a irreversibilidade das mudanças climáticas traz a responsabilidade de se adaptar”, afirmou.

O climatologista enumerou efeitos já visíveis do aquecimento. “O planeta mais quente tem mais energia na atmosfera. Os ventos e as chuvas são mais fortes. O mundo está ficando tropicalizado. Com isso, eventos extremos que eram raros começaram a aparecer com certa freqüência nos últimos três anos. Aumentou o número e a intensidade de furacões registrados no Caribe. Houve enchentes na Venezuela e na Argentina que nunca tinham acontecido. Houve uma seca sem precedentes no oeste da Amazônia. O primeiro furacão observado no Atlântico Sul atingiu o Brasil em 2004. Houve tempestades de granizo em Buenos Aires e La Paz que nunca tinha sido registradas. São exemplos do que já está acontecendo e vai se intensificar”, alertou.

(Fonte: http://www.ecodebate.com.br)

domingo, 27 de novembro de 2011

Artigo sobre o aquecimento global


O aquecimento global, causador das mudanças climáticas atuais e futuras, traz uma série de situações que caracterizam vulnerabilidades para as populações. O artigo a seguir tem como objetivo a discussão sobre quais são essas vulnerabilidades e quais as medidas a serem tomadas para minimizar os impactos das mudanças climáticas no planeta e principalmente no Brasil.



Acesso em: 27 nov. 2011.



Economia e aquecimento global – Sérgio Margulis e Paulo Artaxo

Neste programa, o economista Sérgio Margulis faz uma análise sobre o custo econômico das estratégias existentes com relação ao aquecimento global. Ele ressalta que a despeito da incerteza sobre a ciência do processo e seus impactos sobre a economia e sobre as regiões e populações mais pobres, o Brasil tem grandes oportunidades econômicas tanto no setor de energia quanto com relação à Amazônia. Em meio a essas reflexões, o físico Paulo Artaxo afirma através de dados como a humanidade está mudando a composição global da atmosfera e, como conseqüência, as mudanças climáticas globais são hoje uma realidade em nosso planeta. Tanto um quanto o outro apresentam sugestão de medidas para possíveis reduções de emissões de gases de efeito estufa visando a estabilização da composição da atmosfera.

Sérgio Margulis é Doutor em economia do meio ambiente pela universidade de Londres e economista ambiental do Banco Mundial.

Paulo Artaxo é professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, coordenador do Laboratório de Física Atmosférica e do Instituto do Milênio do experimento LBA.

Confira o vídeo na íntegra:

http://www.cpflcultura.com.br/site/2009/04/09/a-economia-do-aquecimento-global-perspectivas-do-brasil-sergio-margulis/


Reportagem disponível em: <http://www.cpflcultura.com.br/site/2011/01/10/economia-e-aquecimento-global-%E2%80%93-sergio-margulis-e-paulo-artaxo/>

Acesso em: <27 nov. 2011>


Mudanças Climáticas Naturais


No endereço a seguir temos uma palestra muitíssimo interessante sobre as mudanças climáticas naturais, explicando algumas das teorias existentes para explicar como o clima mudou através dos tempos, tais como: Teoria de Mudanças de Configuração dos Continentes, Teoria da Evolução Estelar e Teoria de Milankovitch.



Site acessado em: <27 nov. 2011>.



Leia o texto da apresentação na integra:


Mudanças Climáticas Naturais

Além das mudanças climáticas originadas pela ação do homem, existem aquelas que são causadas pela própria natureza, ou seja, mudanças climáticas naturais.

Mudanças de configuração dos continentes
Em 1912 Alfred Lothar Wegener publicou um trabalho sugerindo que há cerca de 200 milhões de anos todos os continentes estariam reunidos em um só bloco chamado Pangea e cercado por um imenso oceano chamado Panthalassa.

Segundo essa teoria, com o passar do tempo foi ocorrendo uma alteração desse padrão doscontinentes até chegar ao que existe hoje e que continua se movimentando lentamente. Nesse processo, como os continentes ocuparam posições diferentes na superfície da Terra, a distribuição das zonas climáticas e a circulação oceânica eram diferentes no passado. Tais variações são da ordem de milhares de anos.

Teorias da evolução estelar
Algumas teorias da evolução estelar sugerem que o Sol teria sido “mais fraco” nos primeiros bilhões de anos da história da Terra. Todavia sabe-se que o planeta não estava frio pois possivelmente havia um forte efeito estufa que compensava a reduzida radiação solar.

Teoria de Milankovitch
Variações na órbita da Terra e as conseqüentes variações da quantidade de calor recebido influenciaram na determinação das variações climáticas do passado.

Com a variação da radiação solar por motivos astronômicos há uma variação no volume de gelo e consequentemente na temperatura global. A teoria matemática do clima, baseada nas variações sazonais e latitudinais da radiação solar recebida pela Terra é conhecida como a Teoria de Milankovitch, descoberta pelo sérvio Milutin Milankovitch no início do século passado.
A teoria de Milankovith está baseada nas variações cíclicas de 3 elementos que ocasionam variações da quantidade de energia solar que chega a Terra. São eles:
a)Precessão;
b)Mudanças na obliqüidade,
c)Variação na excentricidade.

Os aerossóis
Os aerossóis são partículas em suspensão na atmosfera, tais como poeira ou pólen. A maior parte dos aerossóis tem origem natural, produzidos principalmente pela ação do vento sobre a superfície do mar e de áreas de solo descoberto, por vulcões, e pela queima natural da vegetação.

Assim como os gases de efeito estufa, os aerossóis tem um papel muito importante no balanço de energia do sistema Terra atmosfera pois podem absorver e refletir radiação influenciando assim no balanço de energia.
Por terem uma alta importância na formação de nuvens, os aerossóis também influenciam indiretamente o balanço de energia na atmosfera, isto porque as nuvens são muito eficientes como corpos que refletem a radiação solar. Nuvens formadas em altas concentrações de aerossóis tendem a apresentar gotas menores e mais numerosas e refletem mais radiação solar do que nuvens formadas por gotas maiores e menos numerosas formadas em regiões com concentrações de aerossóis relativamente mais baixas.
As erupções vulcânicas produzem os maiores impactos relacionados aos aerossóis na atmosfera emitindo globalmente bilhões de toneladas de aerossóis por ano. Em certos casos, estes aerossóis atingem camadas muito altas onde podem sofrer reações formando outros aerossóis, como o ácido sulfúrico (H2SO4) que é um dos responsáveis pela reflexão da radiação solar. Devido a remoção reduzida em altos níveis da atmosfera, os efeitos dos aerossóis podem persistir por longos períodos.

Em 1991 o vulcão Pinatubo nas Filipinas lançou na atmosfera cerca de 20 megatoneladas de ácido sulfúrico além de ter aumentando a filtragem da luz na atmosfera (profundidade óptica) de 10 a 100 vezes do normal. Consequentemente houve uma diminuição de cerca de 0,6°C da temperatura média global.



terça-feira, 15 de novembro de 2011

Aquecimento causará aumento de alergias e doenças, adverte agência

France Presse - 19/03/2010

As mudanças climáticas terão efeitos indiscutíveis na saúde, como o aumento das alergias e doenças transmitidas por mosquitos, e o aumento de problemas intestinais ligados à falta de água, advertiram nesta sexta-feira (19) [em 19/03/2010] em Paris especialistas em clima e saúde.

"Em 2050, um em cada dois verões (hemisfério norte) se assemelhará à onda de calor de 2003", que na França causou a morte de milhares de pessoas, indicou o diretor da Agência Sanitária do Meio Ambiente e do Trabalho (AFSSET), Dominique Gombert.

Segundo ele, já é possível prever que o aumento das temperaturas durante o verão provocará um forte avanço da mortalidade entre as pessoas mais velhas, ou frágeis.

Além disso, as ondas de frio serão mais intensas, inclusive mais mortíferas, acrescentou o diretor.

Alguns poluentes --como as partículas finas--, também aumentarão, devido ao aquecimento global, acrescentou. "Serão mais precoces e permanecerão por mais tempo", explicou Gombert.

"Esta poluição terá os mesmos efeitos dos picos de poluição atuais, que geram um aumento das doenças respiratórias (bronquite, asma) e problemas cardiovasculares, assim como uma sensibilidade maior às infecções causadas por micróbios", advertiu.

Redistribuição de vegetação

O aquecimento global provocará uma redistribuição da vegetação no território: por exemplo, a oliveira terá uma tendência de crescer melhor no norte.

Além disso, acrescentou, os períodos com muito pólen vão aumentar, o que provocará mais casos de alergias, indicou.

São previstos também outros problemas de saúde, como cânceres de pele, devido à intensificação dos raios solares, e o aumento das doenças como a febre tifóide ou a cólera, porque a água será mais escassa e mais contaminada, alertou.

O especialista ressaltou que, embora as ameaças dos efeitos do aquecimento planetário pareçam claras, as medidas para proteger a saúde das pessoas são menos evidentes.

Para reduzir os fatores de risco, será preciso desenvolver a cultura da "adaptação", mas essa meta se depara com dificuldades, como a falta de interesse dos médicos, afirmou outro especialista.

"O aquecimento global é um tema que interessa aos meios de comunicação, mas menos aos médicos", lamentou William Dab, professor da cátedra de Higiene e Segurança no Conservatório Nacional das Artes de Paris.

Segundo ele, as mudanças climáticas não são "um risco a mais", entre outros, e sim "uma mudança de escala do risco", dada a quantidade de pessoas expostas.

O Observatório Nacional sobre os Efeitos do Aquecimento Global (Onerc) sugere algumas maneiras de combater esses efeitos das mudanças climáticas na saúde, entre elas umas supervisão maior dos agentes infecciosos e da qualidade da água e do ar.


Disponível em:
Acesso em: 15 nov. 2011.

FAO defende cultivos tradicionais frente às mudanças climáticas

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) pediu nesta segunda-feira à comunidade internacional que defenda "urgentemente" os cultivos tradicionais em todo o mundo diante dos riscos que eles correm com as mudanças climáticas.

O pedido foi feito por ocasião do décimo aniversário do Tratado Internacional para Proteger e Compartilhar os Recursos Fitogenéticos. Em nota oficial, o diretor-geral da FAO, o senegalês Jacques Diouf, pediu aos países que desenvolvam políticas específicas para conservar e potencializar o uso das variedades vegetais para as próximas gerações.

"A conservação e o uso sustentável dos recursos fitogenéticos para a alimentação e a agricultura são chave para garantir que o mundo produza alimentos suficientes para alimentar no futuro sua população crescente", acrescentou Diouf.

A FAO considera chaves experiências como o "parque da batata", realizada no Peru, onde os membros da comunidade combinam conhecimentos tradicionais com esforços para preservar variedades nativas, melhorar a produção agrícola e garantir a segurança alimentar.

Mediante a troca de conhecimentos com um grupo de visitantes da Etiópia, os "guardiães" do parque peruano ensinaram a usar os conhecimentos locais sobre ventos, plantas nativas e outros fatores para decidir o local e o momento para cultivar batatas locais.

O dirigente das Nações Unidas aplaudiu a decisão de injetar os 6 milhões de dólares disponíveis mediante o tratado para ajudar camponeses dedicados aos cultivos tradicionais a se adaptar às mudanças climáticas.

Diouf lançou um apelo a favor do "acervo genético" mundial de mais de 1,5 milhão de amostras de material fitogenético, gerido de forma coletiva e multilateral pelos países signatários do Tratado Internacional sobre Recursos Genéticos para a Alimentação e a Agricultura.

"Constitui a base para mais de 80% dos alimentos do planeta de origem vegetal e possivelmente será a ferramenta mais importante para a adaptação da agricultura às mudanças climáticas nos próximos anos", disse.

"Os efeitos das mudanças climáticas na agricultura não respeitam fronteiras nacionais, abrangem zonas agroecológicas completas", advertiu Shakeel Bhatti, atual secretário do tratado internacional. "O portfólio de projetos adquire um enfoque pioneiro ao gerar uma base mundial de conhecimentos", destacou.


Acesso em: 15 nov. 2011

sábado, 12 de novembro de 2011

Aquecimento global: verdade ou mentira?


Roberto Belisário - 1 mar. 2009

“Ciência climática vodu, sem teoria nem comprovação experimental” – é como o ex-reitor da UnB, José Carlos de Almeida Azevedo, qualificou os estudos do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) sobre o aquecimento global, em um artigo para a Folha de S. Paulo do dia 25 de fevereiro, reproduzido no JC E-mail. Esses estudos são a principal fonte de conhecimento sobre o fenômeno, hoje.

No entanto, seus argumentos são estranhíssimos e simplesmente não parecem se referir ao que faz o IPCC. Ele começa o artigo dizendo que o Painel não previu coisas como neve no Oriente Médio, na Grécia e no deserto dos Estados Unidos, ocorridas em 2008 e 2009.

Ora, isso não tem nada a ver com o que o IPCC faz. O trabalho do IPCC não é fazer previsões locais e para futuro imediato desse tipo, como se fosse o “homem do tempo” na TV. É fazer projeções de médio e longo prazos (usualmente cem anos) sobre características globais do clima, como variação da temperatura e do nível dos oceanos. E são várias projeções, dependendo do modelo e do cenário que se usa. Modelos referem-se a diferentes teorias sobre funcionamento do clima e cenários são hipóteses sobre a evolução futura das emissões de CO2.


Confusão com escalas de tempo

Em seguida, Azevedo diz que “satélites e sondas meteorológicos também comprovam que, nos últimos 13 anos, a temperatura ficou estável nos dez primeiros e caiu nos três últimos.” Ora, como dito acima, o IPCC faz previsões de médio e longo prazo. O importante é se há uma tendência de aquecimento em longo prazo (décadas), e não se a temperatura caiu durante um ou dois anos. A temperatura não sobe o tempo todo, há variações, pois ela depende de inúmeros fatores. É como um gráfico de subida da inflação ou da bolsa: há sobes e desces momentâneos, mas há uma tendência geral.

Depois dessa confusão entre os prazos com que o IPCC lida e os prazos curtos de alguns anos, o autor vai ao extremo oposto e diz que o aquecimento e a subida do nível dos mares acontece desde há uns 20 mil anos, desde o fim da última Era Glacial. É verdade, mas, de novo, há uma confusão sobre a escala de tempo. Os prazos das projeções do IPCC não são de dezenas de milhares de anos, são de coisa de um século. O que o IPCC diz é que houve uma inflexão, uma forte aceleração, no aumento da temperatura que já vinha acontecendo em média há milhares de anos, e associa essa inflexão à ação humana.


Por que teste indireto se há testes diretos?

Em seguida, o ex-reitor pergunta-se “que modelos climáticos os ‘videntes’ do IPCC processam nos seus computadores”, se “não existe teoria do clima”. Como assim, não existe teoria do clima? Como então se faz as previsões climáticas para os próximos dias que lemos nos jornais? E os modelos, são detalhadamente explicados nos relatórios do IPCC e nas fontes que cita, para quem quiser ver. E, se há modelos, há teoria. Modelos baseiam-se em teorias.

Azevedo apóia-se em alguns estudos. Cita um de Koutsoyiannis e outros autores, de 2008, que, segundo ele, confirma que "o desempenho dos modelos é fraco; em escala de 30 anos (...) as projeções não são confiáveis e o argumento comum de que o seu desempenho é melhor em larga escala não tem fundamento". Na introdução do seu trabalho, Koutsoyannis diz que chegou a essa conclusão testando os modelos que o IPCC usa: aplicou-os ao passado ao invés de ao futuro e verificando se eles conseguem se aproximar razoavelmente dos registros climáticos dos últimos 100 anos que já existem. A conclusão foi negativa. O estudo estáaqui.

É uma proposta interessante, mas seria mais interessante ainda se Azevedo tivesse citado testes mais diretos, como observar se as previsões que o IPCC fez em 1990 se confirmaram. Afinal, já se passaram 18 anos e isso já é possível de ser feito. Outra vantagem de um teste direto como esse é que ele estaria baseado não em simulações computacionais feitas por um único grupo de cientistas (Koytsoyiannis e os co-autores do artigo, que fizeram as projeções para trás), mas pelo IPCC como um todo, que tem cerca de dois mil pesquisadores de diversas instituições espalhadas por vários países.

E há pesquisas que fazem isso e que têm conclusões opostas às de Koutsoyiannis. Um exemplo. Em fevereiro de 2007, um artigo publicado naScience pelo grupo de Stefan Rahmstorf mostrou que, entre 1990 e 2006, mediu-se um acréscimo de 0,33 graus Celsius na temperatura média dos oceanos. Isto estava dentro do conjunto de projeções do IPCC. Estava, porém, perto das mais pessimistas. Já a elevação do nível dos mares, segundo o mesmo artigo, foi de 3,3 mm/ano. Aí houve discrepância com o IPCC: este previa um máximo de 2 mm/ano. Porém, a discrepância, ao invés de contradizer a idéia da elevação do nível dos mares, a aprofunda, pois o aumento medido foi maior que o projetado pelo Painel.


Palavra x contexto

Continuando, Azevedo tenta contrapor duas afirmações aparentemente contraditórias de um dos meteorologistas do IPCC, K. Trenberth. Em 2007, ele disse que “não há previsões climáticas feitas pelo IPCC. E nunca houve.” Ao mesmo tempo, os “xamãs” do IPCC dizem que há consenso científico sobre a influência do CO2 no clima”.

A primeira frase, a de Trenberth, foi localizada pelo jornalista Marcelo Leite, que mostrou a fonte em um artigo seu na Folha de S. Paulo de hoje (01/03), reproduzido no site do MRE. Vem de um pequeno texto de Trenberth num blog da revista britânica Nature. E a frase foi posta lá simplesmente para mostrar a diferença entre uma “previsão” e o que o IPCC faz. Isso é explicado logo após a frase de Trenberth, quando ele continua: “O IPCC, ao contrário, divulga projeções do clima futuro do tipo ‘o que aconteceria se’, que correspondem a certos cenários de emissão [de CO2]”. É um sentido bem diferente do que transparece pelo contexto do artigo de Azevedo. Uma das diferenças entre projeção e previsão é que as projeções dependem do modelo e do cenário. As projeções para elevação do nível dos mares até 2100, por exemplo, são seis e variam de 40 cm, no cenário mais “otimista”, a 60 cm, no cenário mais pessimista.

Além disso, cada tipo de projeção (como a elevação do nível dos mares) e de associação causal (como a associação da ação humana à elevação do nível do CO2) está associada com faixas de probabilidades. Os relatórios do IPCC estão repletos de expressões referentes a essas probabilidades, cujos significados precisos são explicados no início dos documentos. São as seguintes: “virtualmente certo” (probabilidade maior que 99%), “extremamente provável” (entre 95% e 99%), "muito provável" (entre 90% e 95%), “provável” (de 66% a 90%), “mais provável que improvável” (de 50% a 66%), “aproximadamente tão provável quanto improvável” (de 33% a 50%), “improvável” (de 10% a 33%), “extremamente improvável” (entre 1% e 10%) e “excepcionalmente improvável” (menos que 1%).

O próprio IPCC dizia, até 2007, que a probabilidade de a ação humana ser responsável pelo aumento das emissões de CO2 estava entre 67% e 90% (“provável”). Até então, a difusão de que havia uma "certeza total" sobre isso era um problema da relação entre academia e imprensa. No relatório de 2007, porém, a probabilidade para isso subiu para entre 90% e 95% (“muito provável”). A razão foi a adição das pesquisas dos 6 anos anteriores na compilação. Isto não é exatamente o comportamento de um “xamã”.

Acesso em: 12 nov. 2011

Mudanças climaticas, verdade ou mentira?

Segue uma reportagem, na qual os entrevistados respondem a uma série de perguntas sobre mudanças climáticas. Respondendo a um conjunto comum de perguntas e também a perguntas individuais, os entrevistados, Daniela de Souza Onça, Geraldo Luís Lino, Luiz Carlos Baldicero Molion e Ricardo Augusto Felício, tiveram total liberdade para apresentar seus pontos de vista e uma parte de seu vasto conhecimento sobre os temas propostos.


Autor: Paulo Zamboni

Perfil dos entrevistados (em ordem alfabética):

Daniela de Souza Onça: Mestre em Geografia Física pela USP e doutoranda em Geografia Física, também pela USP, é autora de mais de vinte trabalhos acadêmicos nas áreas de Geografia Física e Climatologia, dentre os quais, destacamos: O fluxo de raios cósmicos como agente de mudanças climáticas. VIII Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica. UFU, Alto Caparaó, 24 a 29 de agosto de 2008; A criação do taco de hóquei e seus desdobramentos. I Simpósio de Pós-Graduação em Geografia do Estado de São Paulo. UNESP, Rio Claro, 17 a 19 de novembro de 2008; Mudanças climáticas globais, racionalidade técnica e ética ambiental. XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, São Paulo, 5 a 9 de setembro de 2005; A mídia e as mudanças climáticas. II Seminário de Pesquisa em Geografia Física – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, São Paulo, 11 e 12 de dezembro de 2004.

Geraldo Luís Lino: Geólogo especializado na aplicação de estudos geológicos a projetos de engenharia civil e avaliações de impactos ambientais. É fundador e diretor do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa), autor do livro A fraude do aquecimento global: como um fenômeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial e co-autor dos livros Máfia Verde 2: ambientalismo, novo colonialismo (2005) e A hora das hidrovias: estradas para o futuro do Brasil (2008), ambos publicados pela Capax Dei Editora.

Luiz Carlos Baldicero Molion: Bacharel em Física pela USP, em 1969. Em 1975, doutorou-se em Meteorologia, e em Proteção Ambiental como campo secundário, pela Universidade de Wisconsin, Madison, EUA, e concluiu seu pós-doutorado no Instituto de Hidrologia, Wallingford, Inglaterra, em 1982, na área de Hidrologia de Florestas. Professor visitante da Western Michigan University, EUA e Professor de Pós-Graduação da Universidade de Évora, Portugal. É “fellow” do Wissenschaftskolleg zu Berlin, Alemanha, onde trabalhou como pesquisador visitante durante 1989-1990. Publicou mais de 30 artigos em revistas e livros estrangeiros e mais de 80 artigos em revistas nacionais e congressos, em particular sobre impactos de desmatamento da Amazônia no clima, climatologia e hidrologia da Amazônia, causas e previsibilidade das secas do Nordeste, mudanças climà ¡ticas (global e regional), camada de ozônio e fontes de energias renováveis. Foi cientista-chefe nacional de dois experimentos com a NASA sobre a Amazônia. Aposentou-se do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/MCT), onde foi Diretor de Ciências Espaciais e Atmosféricas, como Pesquisador Titular III. Entre 1990-92, foi Presidente da Fundação para Estudos Avançados no Trópico Úmido (UNITROP), Governo do Estado do Amazonas, em Manaus, onde desenvolveu pesquisas sobre desenvolvimento sustentado, em particular o biodiesel, combustível renovável feito de óleos de palmáceas nativas. Atualmente, encontra-se na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió, como Professor Associado e Diretor de seu Instituto de Ciências Atmosféricas (ICAT), e desenvolvendo pesquisas nas áreas de dinâmica de clima, desenvolvimento regional, energias renováveis e dessalinização de água. É Membro do Grupo Gestor da Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (MG/CCl/OMM), como representante da América do Sul.

Ricardo Augusto Felício: Professor Doutor do Departamento de Geografia FFLCH – USP, Doutor em Climatologia, área de Geografia Física pela USP, Mestre em Meteorologia Antártica pelo INPE. Bacharel em Meteorologia pelo IAG – USP. Participou de duas missões antárticas, uma pela Marinha do Brasil e outra como pesquisador do INPE, atuando nas atividades de Meteorologia Operacional Antártica e de pesquisa em climatologia. Atualmente pesquisa a ação dos ciclones extratropicais no continente antártico e teleconexões com o Brasil. Também realiza trabalhos sobre o tema da variabilidade climática e suas implicações, com ênfase nas discussões que cercam o “aquecimento global antropogênico”, efetuando palestras de divulgação. Dentre os seus vários trabalhos publicados, destacamos: Vulcões e Atividades Antropogênicas: Um Caso Recente que Induz à Reflexão In: IV Fórum Ambiental da Alta Pauli sta, 2008, Tupã. v.IV. p.1 – 6. http://www.amigosdanatureza.org.br/?s=eventos¬icia=396&trabalho=522&a=vertrabalho;
Antártida – A Geografia do Continente Gelado e As Operações Brasileiras. CONFINS. São Paulo, 2007.Palavras-chave: Antártida, Climatologia, Oceanografia Áreas do conhecimento : Geociências Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Meio digital, Home page: http://confins.revues.org/document122.html e Pesquisas em Climatologia Dinâmica na Antártida, 2006. (Seminário,Apresentação de Trabalho)Palavras-chave: Antártida, Ciclones, Climatologia, Sinóptica Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Meio digital; Local: Cidade Universitária; Cidade: São Paulo; Evento: III Seminário de Pesquisa em Geografia Física – SEPEGE; Inst.promotora/financiadora: Departamento de Geografia – FFLCH – USP.

M@M: Qual o balanço geral da COP-15 em termos de efeitos político-econômicos e qual a sua avaliação da postura da comitiva do governo brasileiro?

Profª Daniela de Souza Onça: Copenhagen foi mais uma conferência que surtirá poucos efeitos práticos de redução das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, mas muitos efeitos práticos de criação de impostos em escala local e imposição de novos hábitos de consumo. A conferência teve muito mais a finalidade de prover o embasamento teórico para a legitimação de novas políticas impostas ao cidadão comum do que de estabelecer uma regulação global das emissões e estabelecer tratados entre os governos. É fato que ninguém ali estava preocupado em “salvar o planeta”, mesmo que isso fosse possível; estavam interessados em receber financiamentos, vender seus produtos e legitimar políticas que de há muito se quer implementar, pouco importando se o planeta está aquecendo ou não e, em caso afirmativo, qual seria a causa. No caso brasileiro, acredito que o maior interesse esteja relacionado ao etanol de cana-de-açúcar. Acredita-se que o etanol emite menos dióxido de carbono que a gasolina em sua queima, além de não adicioná-lo à atmosfera, pois o gás emitido é “seqüestrado” no crescimento das novas safras. Desse modo, estão envolvidos aí os interesses de expansão do setor sucro-alcooleiro, das novas tecnologias dos automóveis, da pesquisa científica do setor e assim por diante. Com possibilidades tão promissoras, por que o Brasil se oporia à hipótese do aquecimento global antropogênico? A delegação brasileira também brigou muito em Copenhagen contra a proposta de que os países emergentes não receberiam financiamentos dos países ricos, procurando manter o país como um candidato muito interessante ao recebimento de propostas dos chamados Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, mas no final até se ofereceu para contribuir com o fundo global do clima! Realmente, o slogan do governo federal “Brasil, um país de todos” está sendo levado muito a sério: vamos carregar todo o mundo nas costas.

Geólogo Geraldo Luís Lino: Começo pela segunda parte da pergunta: a delegação brasileira refletiu bem o espírito de convescote que foi a conferência – mais de 700 pessoas! Foi de longe a maior delegação, aliás, como já havia ocorrido em Bali, há dois anos, quando a delegação brasileira foi maior que a dos anfitriões indonésios. Quanto à atuação, ela ficou dentro do que se anunciava sobre a declarada pretensão de “liderar” o mundo nas negociações climáticas, com base no estabelecimento das metas de redução de emissões com aqueles números esdrúxulos, com casas decimais, saídos das fórmulas de algum tecnocrata climático convocado às pressas pelo governo. Mas a atitude brasileira não difere muito da maioria dos demais países, houve muita retórica para se ganhar tempo até as próximas negociações. O festival em Copenhague acabou como muitos previam, com uma mera declaração de boas intenções, que reflete em grande medida os entrechoques entre os interesses que promovem a agenda “aquecimentista” e os golpes de realidade proporcionados pelo aprofundamento da crise econômico-financeira (cuja fase pior ainda está por vir), os custos altíssimos das medidas idealizadas para reduzir as emissões de carbono, a inexistência de alternativas economicamente viáveis aos combustíveis fósseis e, até mesmo, uma percepção cada vez maior do público em geral sobre os exageros dos cenários alarmistas apresentados pelos “aquecimentistas”. Percepção que fatos como o escândalo “Climagate” tendem a aprofundar.

Prof. Luiz Carlos Molion: A COP-15 foi, como era esperado, um verdadeiro fracasso! Não houve discussões científicas e troca de idéias sobre como tratar as questões ambientais e desigualdades sociais. Ficou muito claro, ao longo da discussão, que os interesses eram apenas financeiros – quem vai entrar com o dinheiro e quem vai levá-lo e de que forma – em especial da parte dos países africanos e insulares. E muitos políticos dos países desenvolvidos, como Barack Obama e Gordon Brown, devem ter percebido que não exercem liderança alguma. É impossível se extrair um “acordo” entre 192 países sem que haja firme liderança e propósito convincente. A delegação brasileira adotou o discurso dos países desenvolvidos e, nos últimos instantes, tentou, em conjunto com África do Sul, China, Estados Unidos e Índia, produzir um documento que foi amplamente rejeitado. Nesse “acordo”, seria aceitável manter um aumento de temperatura de até 2°C, mas não estabeleceu metas de redução de emissões, nem para os países desenvolvidos, para atingir essa marca. De onde tiraram esse número 2°C ? De modelos de clima, que são rudimentares, não reproduzem o clima atual e, portanto, não se prestam para se fazer projeções futuras. Ou seja, os resultados de modelos climáticos, baseados em cenários de concentração de CO2 fictícios, são inúteis, uma verdadeira perda de tempo e dinheiro. Falam como se o Planeta Terra fosse um eletrodoméstico, por exemplo um condicionador de ar, provido de um termostato ajustável a temperaturas selecionadas pelo homem. Basta analisar a variação da temperatura e da concentração de CO2 ao longo do tempo para concluir que CO2 não controla o clima, e qualquer redução que viesse a ser acordada, 30% ou 50%, não influenciaria na marcha do clima. Outra propositura, de se destinar US$30 bilhões por ano para que os países pobres se adaptassem às “mudanças climáticas” até 2012 e de US$100 bilhões, tampouco teve ou terá apoio.

Prof. Ricardo Augusto Felício: Em primeiro lugar, devemos chamar a atenção para um fato simples: dióxido de carbono não controla o clima, muito menos os outros gases, chamados estufa, que se apresentam em proporções insignificantes. Desta maneira, se todas as emissões naturais destes gases no planeta não significam nada, imaginemos a ínfima parte da ínfima parte, ou seja, a que os humanos liberam. Ela não conta nada, não serve para nada e não pode fazer nada! Adotar políticas públicas mundiais norteadas por esse argumento, em nível econômico, social e ambiental é simplesmente ridículo e fantasioso. Criou-se um monstro que não existe para assustar toda a população da Terra (daqueles que comem, lêem e vivem já no século XXI) para mascarar a verdadeira intenção: adotar um controle mundial sobre todos os recursos naturais e energéticos.

Em se tratando da COP-15, eu simplesmente fico chocado como os países ficam gastando dinheiro público com essa falácia. São 15 anos de reuniões baseadas na mentira das emissões de gases. Isto sem contar as inúmeras reuniões, quase semanais, cada uma em um lugar do mundo. Os “pesquisadores” e políticos ficam a viajar e gastando dinheiro dos países, para fingir que estão resolvendo um problema que nem sequer existe. Nestas reuniões, acontecem as negociatas mundiais de favores trocados, em detrimento das populações dos países, principalmente os mais pobres (isto inclui o Brasil). O importante da COP-15 é que ficou evidente que eles estavam tentando criar um mecanismo de leis internacionais que legitimariam as sanções econômicas, políticas e militares contra os países que não adotassem o documento. Mesmo para os que o adotassem, haveria então, os compromissos internacionais que permitiriam, por exemplo, verificações dos “inspetores ” da ONU (como se os gases estufa fossem urânio) para realizar suas observações sobre o cumprimento do tratado. Tal plano ficou demonstrado e foi anunciado pelos próprios repórteres ignorantes do assunto de clima da Rede Globo, ao final da COP. Infelizmente, não sei se o povo que assiste aos jornais dessa emissora conseguiu entender o plano. De qualquer modo, também ficou evidente que os políticos brasileiros, de todas as esferas, mostraram do que são feitos (fica aqui a conclusão do leitor). Estavam esbravejando na reunião, pois precisariam legitimar as posturas dos seus imbecis planos de mudanças climáticas, adotados apressadamente antes da reunião. Criaram um monte de restrições e impostos aqui no Brasil e não tem agora como justificar isto. Começaram com a ladainha de que “o povo paulista já faz a sua contribuição para o planeta”, mas se esqueceram das relações escalares. Se isto realmente interferisse, seria mais uma vez, insignificante. Em outras palavras, se o mundo não quer, por que o paulistano, paulista ou brasileiro tem que fazer? Somos “voluntários” ou imbecis? Pior ainda foram as declarações ridículas de elaboração de um fundo internacional. Querem tirar nosso dinheiro para mandar para os países pobres da África? Outras estratégias ridículas anunciadas foram os desvios das verbas destinadas às emergências de vazamentos da Petrobrás, para o controle das queimadas. Querem pegar este dinheiro e investir em um gigantesco esquema para combater incêndios florestais, com aviões, caminhões e equipes treinadas. Neste plano, já vemos como eles não entendem de nada mesmo. Nem sequer tem noção da escala de um incêndio florestal, cujas proporções são gigantescas. Além disto, novamente vemos como os políticos trabalham: no paliativo, ou seja, depois que está queimando.

Outra coisa interessante a comunicar foram as notícias de portais da Internet, tais como UOL, Yahoo, G1 (Globo), etc. Enquanto os portais brasileiros davam mensagens quase que horárias sobre a COP-15, os similares internacionais, como os europeus ou estadunidenses, mal colocavam uma linha, muito discreta, sobre o assunto. Então, pergunta-se: para quem devemos espalhar esse medo e preocupação?

Em suma, tudo isto não serviu para outra coisa senão demonstrar como nossos políticos são incompetentes e inúteis. Eles deveriam ir lá e dizer um “basta” a esta historinha ridícula. O Brasil tem sua soberania e deveria fazer o que fosse preciso para o bem estar de sua população, mas não foi isto que fizeram. Os representantes africanos e árabes se mostraram muito mais corajosos e competentes, inclusive afirmando que o próprio aquecimento é uma falácia. Foi hilário ver os repórteres globais afirmando que a Terra vai aquecer 2ºC em 10 anos (de 2010 a 2020) debaixo de fabulosas tempestades de neve, em níveis recordes! Isso que os tais repórteres afirmaram nunca aconteceu e não acontecerá. Se em 15 anos as COPs não viram subir a temperatura da Terra, será na próxima década que isto vai acontecer? Nós, climatologistas de verdade, só não estamos rindo desta palhaçada devido à sua enorme gravidade.

Mudanças climaticas, verdade ou mentira? (2 parte)

Acompanhe a 2a. Parte da Entrevista exclusiva realizada pelo MÍDIA@MAIS com os cientistas brasileiros que analisam os fatos envolvidos no Aquecimento Global Antropogênico.

M@M (2): Qual a possibilidade real de que o Brasil venha a adotar o comércio de terras improdutivas para venda de créditos de carbono exclusivamente, como há nos EUA, em vez de o uso da terra para produção de alimentos e outros bens, devido à inviabilização por via tributária, corte de subsídios, etc.?
Profª Daniela de Souza Onça: Acho pouco provável que o Brasil destine terras para o uso exclusivo de sequestro de carbono. O Brasil é uma nação agrícola por excelência, e a notável expansão do agronegócio no país nos últimos anos tende a continuar. Além disso, os incontáveis latifúndios improdutivos do país devem manter-se nesta situação.

Geólogo Geraldo Luís Lino: Tudo isso irá depender dos desdobramentos do processo. Se o alarmismo “aquecimentista” prevalecer, no futuro imediato, certamente veremos uma enorme ampliação dos mercados de “créditos de carbono”, que poderão abarcar uma vasta gama de iniciativas para basear os valores envolvidos, inclusive negociações com terras. O problema é que, assim como tem acontecido com os mercados baseados em valores financeiros, que tendem a formar “bolhas” especulativas que, cedo ou tarde, acabam estourando, a mesma coisa pode acontecer com os mercados de carbono, que não se baseiam em qualquer processo real de agregação de valores econômicos, mas em trocas de papéis vinculados, literalmente, a fumaça – ou seja, são “futuros de fumaça”, sem qualquer fundamento econômico e científico real. E, como toda bolha, em algum momento, essa também acabará estourando, com prejuízos monumentais, que acabarão sendo compartilhados por toda a sociedade, e não apenas pelos envolvidos diretamente com eles.

Prof. Luiz Carlos Molion: Não creio que haja possibilidade de comércio de terras para esse fim, antes que sejam estabelecidas regras claras de como seria transferido esse dinheiro para o proprietário. O fato é que se têm cerca de 220 milhões de hectares de pastagens, dos quais cerca de 30% (65 milhões) já estão degradadas. Sua recuperação, por qualquer meio, dentre eles cultivo de grãos, cana-de-açúcar ou silvicultura, seria de extrema importância para a conservação dos solos. Mas isso tem um custo e ainda não apareceu quem queira arcar com ele. Entretanto, não está descartada a possibilidade de ONGs poderosas – muitas vezes, inadvertidamente, a serviço de governos – venham a adquirir terras para esse propósito.

Prof. Ricardo Augusto Felício: Se isto acontecer, será um dos maiores absurdos que nós poderemos observar no nosso país, embora pessoalmente, não vejo qual será o limite para essas pessoas que manipulam as Leis e burlam todos os sistemas para implementar o que essa “causa” ambiental exige. Em termos práticos, deixar de produzir alimentos para a nação significa aumento geral de preços para o consumidor. Deve-se tomar cuidado, por que este tipo de situação também pode ser manipulado, ou seja, às vezes o alimento existe, mas irão utilizar a desculpa do “aquecimento global” para dizer que não existe. Desta maneira, inflacionarão os preços através de uma situação fictícia. Coisas assim já acontecem nos países andinos. Um exemplo é o cereal quinua. Para os povos de lá, dizem que ele não existe ou é escasso, mas os brasileiros o encontram aqui, nas principais redes de mercados, custando preço de ouro, claro!

M@M (3): Muita esperança foi depositada nos emails vazados da Universidade de East Anglia. O conteúdo ali descoberto já teve algum efeito positivo em questionar a autoridade do IPCC e de seus coligados?

Profª Daniela de Souza Onça: Sem dúvida a credibilidade do IPCC e da Universidade de East Anglia, uma de suas mais importantes fontes de dados, foi seriamente abalada pelo vazamento dos e-mails. No entanto, os cientistas envolvidos no caso estão empregando uma técnica já muito conhecida e empregada, por exemplo, por diversos políticos brasileiros: a negação pura e simples. Não questionaram a autenticidade do material, apenas alegaram que as mensagens foram tomadas fora de contexto e que, no final das contas, são irrelevantes para a discussão climática, pois descrevem meros detalhes técnicos. De fato, para o grande público, é mesmo difícil compreender a gravidade da não liberação de alguma série de dados solicitada ou da inclusão de dados de uma estação meteorológica construída em local inadequado. Seria necessário que o público e os políticos compreendessem os casos já conhecidos de fraudes científicas envolvendo o IPCC para compreender as implicações dos e-mails, onde ficam evidentes a manipulação e seleção propositais de dados, a relutância na divulgação de dados, a perseguição aos céticos e o temor com a descoberta das fraudes. Mas, como pouca gente conhece de fato suas implicações, é realmente muito fácil para os cientistas envolvidos no caso dizerem: “Nada disso é muito importante”. Ainda mais quando é justamente isso o que o público quer ouvir. Agora, com a suspeita de que o vazamento tenha sido provocado por algum cientista do instituto(o que dá ainda mais credibilidade ao caso), esperamos que por fim seja feita a tal “justiça climática”!

Geólogo Geraldo Luís Lino: Sem dúvida, apesar dos esforços de “controle de danos”, que ficaram evidenciados em Copenhague, os estragos causados pelo “Climagate” a todo esse conluio de interesses agrupado em torno do aquecimento global antropogênico já são irreversíveis. É claro que não será apenas com as repercussões dele que se desmantelará o “aquecimentismo”, mas os danos às reputações dos cientistas envolvidos e à credibilidade de todo o processo encarnado no IPCC são muito grandes. Sem um otimismo exagerado, creio que se pode dizer que o “Climagate” é mais uma evidência de um processo de conscientização, que é gradual, mas firme, sobre os exageros do ambientalismo catastrofista, não apenas no tocante às questões climáticas, mas quanto aos excessos proporcionados pela colocação da proteção ambiental de per si como o valor supremo da organização da sociedade e da economia.

Prof. Luiz Carlos Molion: Que seja de meu conhecimento, o assim chamado “Climategate” não teve efeito significativo algum até agora, não ao nível popular, com exceção de algumas reportagens feitas pela Fox News. A propaganda do aquecimento global antropogênico (AGA) continua firme, particularmente no Brasil em que a mídia, em geral, copia tudo que vem de fora sem apresentar críticas, reforçando inverdades catastrofistas, como aumento do nível do mar e derretimento de geleiras nos pólos. Digno de nota, foi um pequeno acontecimento no qual o Serviço Meteorológico Inglês (UK Met Office) liberou o conjunto de dados de temperatura que foi utilizado para forjar o aquecimento global. Mas, certamente, esse conjunto de dados já não é o original e sim o “ajustado”, e não permitirá que a comunidade científica replique a técnica usada para calcular uma “temperatura média global” se é que se pode falar numa “média global”.

Prof. Ricardo Augusto Felício: Há alguns anos os pesquisadores céticos têm demonstrado as diversas irregularidades científicas que os pseudocientistas do IPCC e seus delegados políticos e de ONGs têm praticado. O “vazamento” das informações é apenas mais uma comprovação desses fatos. Curiosamente, nós temos mais de uma razão para acreditar que não foi um ataque de hackers, mas sim vazamento a partir de dentro mesmo. Segundo algumas fontes de pessoas que conhecem bem o assunto, ninguém guarda dez anos de mensagens, mesmo porque os sistemas de computação mudaram bastante neste período e isto pode ser verificado nos e-mails. Isto sugere que alguém de dentro já estava entendendo que havia uma armação, um complô e mandou registrar toda a correspondência entre esses pseudocientistas modeladores (modelagens são abstrações humanas, muito longe de serem fidedignas reproduções da realidade) incluindo o Al Gore e alguns aqui do Brasil. Acredito que já cansado da patifaria, alguém mandou liberar toda a informação. O pior de tudo é que já temos vários casos, como escolha de dados, escolha de resultados de pesquisa, resultados que saem antes da pesquisa, métodos fajutos, etc. Quanto à autoridade do IPCC, devemos dizer que eles não têm autoridade nenhuma. Quem os nomeou? Foi a sociedade? Não! Simplesmente não havia nenhum problema global… de repente, criou-se um. Eles não têm nada de autoridade. Quanto antes as pessoas entenderem que eles são intitulados autoridades por eles mesmos e por governos e ONGs comprometidos, mais rápido desmanchamos essa falácia.

M@M (4): Já começaram a ser publicados artigos científicos analisando o material dos emails de East Anglia, principalmente a modelagem computacional forjada que originou o “Hockey Stick”?

Profª Daniela de Souza Onça: Não tenho conhecimento de artigos científicos sobre o assunto, embora haja muito material publicado em blogs e em jornais on-line. O caso é ainda muito recente e, desse modo, não foi possível fazer uma análise científica de seu conteúdo até o momento.

Geólogo Geraldo Luís Lino: O gráfico do “taco de hóquei” foi devidamente desqualificado como uma fraude colossal, graças ao trabalho brilhante e dedicado de dois leigos curiosos, os canadenses McIntyre e McKitrick. No meu livro, dedico um capítulo ao assunto, que, aliás, merece um livro inteiro para ser devidamente descrito. Quanto aos e-mails, a Internet e a mídia do Hemisfério Norte têm publicado uma torrente de artigos a respeito deles, dissecando os diversos aspectos do escândalo, inclusive as limitações dos modelos matemáticos nos confrontos com os fenômenos do mundo real. Estas falhas são admitidas até mesmo por alguns dos personagens envolvidos no escândalo, como Kevin Trenberth, que em uma das mensagens admite a sua perplexidade pelo fato de as simulações não conseguirem explicar o “sumiço” do aquecimento global após 1998. Infelizmente, até agora, a mídia brasileira tem sido extremamente parcimoniosa e seletiva em relação ao assunto, o que é bastante sintomático da adesão ao ambientalismo nas redações nacionais.

Prof. Luiz Carlos Molion: Antes mesmo do Climategate já haviam sido publicados artigos referentes à manipulação de dados em Paleoclimatologia, como o “Hockey Stick”, por exemplo. Outro artigo de Briffa et al (2008), pesquisadores do mesmo grupo da CRU/UEA, referente à série de temperatura extraída de anéis de árvore do Yamal, uma região da Rússia, tinha sido desmascarado por terem descoberto que os autores utilizaram uma única árvore, escolhida para dar a resposta conveniente. Convém lembrar que essas técnicas em Paleoclimatologia, que utilizam testemunhos climáticos, como anéis de crescimento de árvores, sedimentos de fundo de lago e de oceanos, corais, são qualitativas, e não quantitativas como acreditam muitos. Elas não produzem “temperaturas numéricas” como um termômetro. Apenas podem sugerir se o clima esteve mais quente ou mais frio ao longo do tempo. E não respondem apenas à variação da temperatura. Anéis de árvores, por exemplo, respondem também variações da precipitação pluvial, umidade relativa, ventos, concentração de CO2 e disponibilidade de nutrientes, sendo muito complexa a interação entre essas variáveis para o resultado final que é a largura e densidade do anel. Testemunhos não são termômetros!

Prof. Ricardo Augusto Felício: Aqui no Brasil, estamos começando a estudar as mensagens. Curiosamente aparecem nomes dos aquecimentistas brasileiros nos e-mails. Sempre aqueles que querem, a qualquer custo, dizer que somos os maiores emissores de gases estufa e outros que pretendem estabelecer um tribunal internacional para a coerção dos países e cientistas que são contra a falácia do “aquecimento global” (voltaríamos para uma espécie de Idade Média, com baixa tecnologia pela restrição do uso de energia na indústria, agricultura, etc.). Vemos na grande mídia brasileira o Carlos Nobre e Paulo Artaxo, dentre outros, pregando tecnologias “verdes” e “limpas”, criação de impostos, cerceamento de direitos civis dos brasileiros e muitas outras coisas que os nossos políticos adoram (e adotam). O Taco de Hóquei é uma das falcatruas científicas mais bem elaboradas, mas que foi desmascarada em tempo. Curiosamente, outro brasileiro, como o Jefferson Simões (que trabalha com Antártida) ainda teima em dizer que ele sofreu perseguição pelo governo Bush. Só fui entender isto quando vi que o próprio Michael Mann, autor do “Taco”, trabalhou com os dados de satélite no III Ano Polar (2007-2009) e declarou que a Antártida está derretendo como nunca se viu. O engraçado é que a idéia que as pessoas têm é a de que sempre se monitorou a Antártida eficientemente, coisa que não é real. Mal temos dados, então como justificar que ela está a derreter? Claro que não está! Aliás, nestes últimos anos temos verificado temperaturas cada vez mais baixas, quebrando recordes de 1941.

M@M (5): Na corrida entre o cientista e o político, esse último parece estar levando vantagem. A rigor, o cientista não tem nenhuma obrigação de apresentar, e muito menos de explicar suas teses ou teorias ao grande público. Isto sempre foi feito através de uma rigorosa revisão por seus pares. Todavia, e especificamente quanto ao tema “mudanças climáticas”, até essa revisão pelos pares demonstra-se viciada ou corrompida por interesses alheios à ciência. Enquanto o político possui a arte da retórica, o cientista se debate com os difíceis problemas do mundo real, com o agravante da dificuldade na expressão de seus resultados em linguagem acessível, sendo muitas vezes obrigado a utilizar a mesma terminologia equivocada estabelecida pela mídia/IPCC/grupos políticos. Assim, o tema do clima foi sequestrado ao cientista pelo político?

Profª Daniela de Souza Onça: Será que esses “interesses políticos” são mesmo “alheios” à ciência? Será que o tema do clima foi realmente “sequestrado ao cientista pelo político”? Ou será que existe uma intensa simbiose entre os dois grupos? Nenhuma dessas duas esferas – a ciência e a política – exerce uma preponderância absoluta sobre a outra nos dias de hoje; antes existe uma profunda interrelação entre ambas. Nem o cientista se converteu em soberano perante o político, nem este é mais guiado unicamente por seus atos de vontade na resolução de questões práticas. Na realidade, ocorre uma forte comunicação recíproca em que, por um lado, os especialistas científicos “aconselham” as instâncias tomadoras de decisões e, por outro, os políticos “encarregam” os cientistas segundo as necessidades da prática. A instituição do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) é emblemática dessa simbiose. As conclusões do Painel passaram a guiar as decisões políticas, enquanto os governos financiam as pesquisas de mudanças climáticas favoráveis à hipótese e às conclusões almejadas, necessárias à realização de seus interesses políticos. Desse modo, controla-se, por um lado, o desenvolvimento de novas técnicas e estratégias, a partir de um horizonte tornado explícito de necessidades e de interpretações historicamente determinadas destas necessidades; e por outro são igualmente controlados os interesses sociais refletidos em sistemas de valores pela comprovação nas possibilidades técnicas e nos meios estratégicos de sua satisfação. São desenvolvidas tecnologias “verdes” em virtude da “necessidade” de “preservação do meio ambiente”, ao mesmo tempo em que se demonstra a necessidade desse tipo de desenvolvimento. Não creio que seja possível falar em corrupção da ciência por interesses alheios a ela: a ciência do clima foi corrompida pelos próprios interesses dos cientistas.

Geólogo Geraldo Luís Lino: Não concordo com que o cientista fique isento de expor as suas idéias e os resultados dos seus trabalhos ao público em geral. Afinal, a ciência não pode ficar isolada nas “torres de marfim”, mas deve interagir ativamente com a sociedade, até porque a estrutura científica de um país depende diretamente da percepção que os diversos setores da sociedade têm da importância da atividade científica. Aliás, se os níveis de conhecimentos científicos básicos por parte da população em geral não fossem tão baixos, e não só no Brasil, o catastrofismo ambientalista teria tido muitas dificuldades para proliferar como o fez nas últimas décadas. Diga-se de passagem que os mentores de ambos os processos foram os mesmos grupos.

Por ironia, apesar dos inegáveis avanços científicos e tecnológicos ocorridos nas últimas décadas, especialmente no campo das comunicações, hoje, uma grande parte das pessoas educadas se mostra incapaz ou tem grandes dificuldades para entender muitos conceitos científicos básicos. Com isso, elas acabam ficando vulneráveis ao bombardeio de informações equivocadas sobre os fenômenos climáticos, até mesmo quando elas contrariam o senso comum, como a noção de que o derretimento das banquisas de gelo do Ártico possa implicar num aumento do nível do mar.

Quanto ao “sequestro” das questões climáticas pela agenda política e econômica de certos grupos hegemônicos do Hemisfério Norte, os mesmos que colocaram em marcha o movimento ambientalista na década de 1960, ele é não só inegável, como também ajuda a explicar o rumo tomado pelo “aquecimentismo” até o momento atual. No meu livro, há todo um capítulo sobre isso.

Prof. Luiz Carlos Molion: O tema “clima” nunca foi uma discussão científica propriamente dita, pois os cientistas sabem que o clima é dinâmico e que tem variado ao longo da existência do planeta. A possível influência do homem no clima global é que se tornou objeto de discussão por setores da sociedade que, na sua maioria, não entendem nada de clima, e por alguns cientistas que tiram proveito da situação em benefício próprio. A mídia, em especial a televisiva, mostra catástrofes aparentes – como aumento de nível de mar, degelo das calotas polares, aumento de tempestades severas – sem comprovação física, que impressionam e terrificam o público leigo. E, os argumentos científicos sérios, que mostram que tais fenômenos são naturais e que já ocorreram no passado, não logram convencer o público. Os políticos, por sua vez, perceberam que “ser verde” atrai votos de uma parcela considerável da população. A criação de outra moeda de troca, créditos de carbono, propiciará desvios de recursos públicos, provenientes de impostos e taxações aumentados, supostamente investidos em conservação ambiental, que é de difícil comprovação.

Prof. Ricardo Augusto Felício: Eu acredito que nós vemos a mais estranha simbiose. Os políticos querem justificar as suas atitudes e precisam de legitimação. Desta maneira, fluxos financeiros correm soltos para as pesquisas que apóiem as políticas públicas e não mais a Ciência de fato. O próprio IPCC começou assim, com a Margareth Thatcher financiando as pesquisas que encontrassem um bode expiatório para acabar com o problema dos sindicatos dos mineiros de carvão em seu país. Ela tentava privatizar todas as empresas e sofreu forte oposição. O alvo foi justamente a emissão de dióxido de carbono, lançado pela queima de carvão. Vale lembrar o maior fiasco científico do século XX quando, em 1987, sob governo da mesma Thatcher, países subdesenvolvidos foram obrigados a eliminar os CFCs de seus processos industriais para que pudessem ter empréstimos refinanciados pelo FMI. Isso foi uma coerção, sim. Seria preciso lembrar ao Paulo Artaxo para que ele pare de falar besteiras. Podemos dar alguns exemplos no Brasil. Em São Paulo, dinheiro para pesquisas de saúde pública e de clima que justifiquem problemas na metrópole servem para legitimar a imposição da inspeção “ambiental” veicular, da restrição de veículos e a construção do rodoanel (pedagiado, claro, mesmo que ele tenha sido criado para “dar mais conforto e melhoria da saúde” ao paulistano). Desta maneira, espera-se que em 2010, cerca de dois milhões de automóveis fiquem ilegais e seus donos percam suas propriedades. Tudo bem… é pela “causa” ambiental e da falaciosa “saúde pública”. Já podemos imaginar as privatizações que os próximos governos do PSDB estão articulando. O país, que deveria ser dos brasileiros, vai servir completamente à iniciativa “privada” de grupos ligados a governos, em todos os aspectos, incluindo desde a sobrevivência aos serviços essenciais, como água e esgoto.

M@M (6): Ao contrário de tantas outras hipóteses, teses ou teorias que geraram polêmica ou interesse do público (a exemplo da Teoria da Relatividade de Albert Einstein), a pseudoteoria do AGA, já modificada para “mudanças climáticas antropogênicas”, tem a característica peculiar de provocar intensas e profundas mudanças negativas na vida das pessoas comuns. Outras pseudoteorias com base ideológica, como, por exemplo, a fantasia da “raça superior” levando ao holocausto nazista, ou a ciência “antiburguesa” de Lysenko, na antiga União Soviética, que provocou a fome de milhões de pessoas, estavam, por assim dizer, justificadas no contexto de regimes totalitários. O que vemos agora é algo inusitado: um novo tipo de totalitarismo em escala planetária, que abarca desde países democráticos até regimes autocráticos, passando por quase todos os espectros tradicionais da divisão político-ideológica, tudo encoberto por um véu de falso debate e disseminação da idéia de um inexistente consenso científico, que, não obstante, provoca consensos políticos bastante reais e perigosos. Esse é um fenômeno que nos parece único e absolutamente aterrador. Qual a sua apreciação a respeito?

Profª Daniela de Souza Onça: Não creio que o que estejamos vivendo agora – consenso forjado e aprovação de projetos políticos ilegítimos – seja algo inusitado ou único. A única coisa que difere nosso contexto dos de Hitler e Lysenko é que a imposição das ideologias não se dá mais, nas chamadas sociedades avançadas, tão marcadamente pela força das armas. A manipulação mental é exatamente a mesma; a sociedade unidimensional, para usar os termos de Marcuse, é exatamente a mesma. Não, não vivemos em democracias, mas sim em regimes perfeitamente totalitários, o totalitarismo do consumo e das inversões de valores, e podemos até dizer que este é um regime mais totalitário do que a Alemanha nazista ou o stalinismo, justamente por sua aparência de democracia e liberdade, que o torna completamente imune ao julgamento e à contestação. Os benefícios reais trazidos pela sociedade “livre”, ao formarem a base de sua legitimação, são apregoados aos quatro ventos justamente para que não se perceba qual a verdadeira base deste sistema, a saber, a perversidade da valorização privada do capital e a socialização de seus efeitos adversos, tudo isso coroado por cidadãos que acreditam que essa sociedade totalitária é democrática e segura e que querem ser enganados e explorados e, por isso mesmo, talvez não possam mais sequer ser chamados de alienados. É por isso que a pseudociência das mudanças climáticas não faz e não precisa fazer a menor questão de parecer democrática: porque nada nesta sociedade o é.

Geólogo Geraldo Luís Lino: O ambientalismo não é um fenômeno sociológico espontâneo, que surgiu de um processo de conscientização sobre os impactos causados pelas atividades humanas no meio ambiente. Ele é uma ideologia, artificial como todas elas (no sentido de desvinculada de um processo coerente de entendimento dos fenômenos universais), que foi criada deliberadamente por certos grupos integrantes das classes dirigentes de alguns países do Hemisfério Norte, principalmente os EUA e a Grã-Bretanha. Em linhas gerais, os objetivos desses grupos eram: 1) transferir o controle dos processos de desenvolvimento baseados na industrialização e em infra-estruturas modernas, das mãos dos governos nacionais para entidades supranacionais e não-governamentais, que sempre são mais fáceis de ser influenciadas e direcionadas para certos objetivos do que os governos; 2) abafar o “otimismo tecnológico” que era facilmente perceptível entre as populações em geral, nas primeiras décadas do pós-guerra, com a reconstrução econômica, os impulsos de industrialização do Terceiro Mundo, a “Revolução Verde” dos cultivares de alto rendimento, as perspectivas da exploração pacífica da energia nuclear, a corrida espacial entre os EUA e a URSS, os avanços da medicina, das telecomunicações etc.; 3) reduzir o crescimento populacional, principalmente nos países não-industrializados; e 4) controlar recursos naturais.

Tudo isso está fartamente documentado, não é teoria conspiratória. Antes do “Fraude”, eu e meus colegas do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa) publicamos três livros sobre esse processo, “Máfia Verde” (2001), “Máfia Verde 2″ (2005) e “Uma demão de verde” (2007). Este último foi escrito pela jornalista canadense Elaine Dewar e é a melhor investigação jornalística já feita sobre os bastidores do ambientalismo internacional, um livro que se lê como uma história de detetive real. Ele tem dois capítulos inteiros dedicados ao homem que é a própria encarnação do “aquecimentismo”, o magnata canadense Maurice Strong, que vem promovendo o aquecimento global antropogênico e o controle de emissões de carbono desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, passando pela Rio-92, o Protocolo de Kyoto e toda a pletora de “COPs” organizadas pela ONU para institucionalizar o controle dos combustíveis fósseis – que é o objetivo último desse processo. Aliás, nós fomos processados por uma ONG internacional, o WWF, e ganhamos em todas as instâncias do Judiciário, até o STJ em Brasília. Nas três instâncias jurídicas, os magistrados reconheceram que as nossas afirmativas e denúncias sobre o ambientalismo eram fundamentadas em informações de domínio público e não constituíam calúnias ou difamações, como nos acusavam de praticar.

Em síntese, nada disso tem a ver com a ciência, mas com um gigantesco processo de manipulação social por interesses econômicos e políticos, que está ficando a cada dia mais evidente.

Prof. Luiz Carlos Molion: O totalitarismo em escala planetária foi testado com outra catástrofe anterior, não mencionada na pergunta: a destruição da camada de ozônio pelos CFC, compostos de clorofluorcarbono, gases que eram utilizados em refrigeração. A “receita” utilizada é a mesma do AGA. Sabe-se que a radiação ultravioleta (UV) é a formadora do ozônio na estratosfera por meio da fotodissociação da molécula do gás oxigênio. Quando o Sol está ativo, produz mais UV e a camada de ozônio fica mais densa, o contrário sendo válido. O Sol tem um ciclo de cerca de 90 anos que atingiu seu máximo de atividade no inicio dos anos 1960 e, ao longo desses últimos 50 anos, sua atividade vem decrescendo, produzindo menos UV e, consequentemente, diminuindo a concentração do ozônio até atingir o mínimo nos próximos 20 anos, até o ano 2032. Esse conhecimento científico foi usado para eliminar os CFC. Começou com reuniões científicas que alarmavam a destruição a camada de ozônio pelo homem. Foi criado o “Painel de Tendência do Ozônio” (sigla em Inglês , OTP) e, após algumas reuniões, o Protocolo de Montreal que, em 1987, obrigou os países signatários a eliminar os CFC e adotar os substituto, sob pena de sanções econômicas severas, como não-renovação da dívida externa, que foi o caso do Brasil. Quem ganhou com isso? Um oligopólio formado por cinco companhias multinacionais, com sedes no G7, que detinham a patente dos gases substitutos. Nunca foi observado ou provado que sequer uma molécula de CFC tenha chegado à altura (40-50 km) em que o ozônio é formado. Foi um grande golpe, precursor do AGA, que gerou bilhões de dólares para essas companhias que, relembre-se, pagam impostos sobre seus lucros em seus países-sede, uma verdadeira ação neocolonialista, transferindo recursos de países pobres para os ricos. O crime dos CFC foi o de serem de domínio público e não pagarem mais direitos autorais (“royalties”). Complemente-se que o criador da hipótese da destruição do ozônio pelos CFC também assina o Sumário Executivo do 4º Relatório de Avaliação do IPCC, Dr. Mario Molina, juntamente com Prof. Phil D. Jones, diretor afastado da CRU/UEA. Climatologia é ciência, e não deve ser confundida com ambientalismo, que é uma ideologia. Atualmente, o movimento ambientalista parece ter se afastado de seu objetivo principal, tendo transformado o discurso e ações de conservação ambiental em instrumento de manipulação de pessoas e instituições incautas.

Prof. Ricardo Augusto Felício: Estamos à beira de um caos. Não é um caos ambiental, muito menos climático. É o caos humano! Um caos planejado que pretende impor um governo mundial, baseado em pseudociência, legitimada por esses mercenários que vendem seus países e o bem-estar das pessoas que moram neles. Estamos vivenciando uma transição a um governo dos mais autoritários já impostos. A meta é o controle total, partindo das fontes de energia, das fontes de água, das fontes de recursos naturais e alimentos e finalizando (talvez) no controle total do ser humano. A “coisa” já começou e tem seus desdobramentos conforme o país ao qual se aplica. Nos países ricos, vemos o terrorismo como a principal fonte de medos. Nos países mais pobres, usam a fome e miséria causadas por “mudanças climáticas”. De qualquer forma, todos irão convergir para a mesma solução: impostos e cerceamentos de direitos civis, até o controle total.

Os controles já estão aí para nós vermos. Em breve, no Brasil, teremos a adoção do RG integrado, onde toda a sua vida será rastreada ali. Se para ter algum direito, o cidadão necessita lutar veementemente, imagine quando todas as suas atividades, incluindo a sobrevivência, estiverem controladas por um único documento? Se você tiver problemas com o Estado, eles simplesmente irão bloquear este documento e você não fará mais nada. Por isto que nós afirmamos que o conto do “aquecimento global” é apenas uma cortina de fumaça para o que está por vir. Nos países andinos, o “problema” se apresentou com outra face, como uma “escassez” de água, coisa que também é falaciosa.

De qualquer forma, o que estamos observando é um período de transição da perda das supostas liberdades civis para um regime de controle total, apoiado por uma tecnologia que já permite que se implemente tal situação.

M@M (7): Se de um lado os países pobres, ou em desenvolvimento, serão os mais afetados pelos eventuais acordos e compromissos firmados na COP-15, há também forte reação de considerável parcela das sociedades ricas, que já são penalizadas com forte taxação, cuja raiz está na idéia de redução de emissões de CO2. Dito isto, não lhes parece que, em vez de um conflito entre países ricos e pobres, na verdade o que há é uma manipulação por parte de grupos com sede em países ricos, abarcando interesses ideológicos, políticos e financeiros, no sentido de estabelecer uma gigantesca burocracia supranacional, com poder de polícia supranacional, utilizando a face “humana” da ONU para legitimar esse engodo? Lembramos que no Brasil não somente há indivíduos e grupos intimamente ligados a esse conluio, como o governo Federal (PT), o governo de São Paulo (PSDB) e a prefeitura da cidade de São Paulo (DEM), parecem estar em disputa para mostrar quem é (ou parece ser) o mais “verde”.

Profª Daniela de Souza Onça: De fato, o que vemos não é um conflito entre países ricos e pobres, nem mesmo conflitos políticos ou econômicos. Todos os grupos envolvidos – governos, ciência e empresas – estão unidos num mesmo interesse, qual seja, incrementar a exploração das sociedades humanas, ricas e pobres, não importa, mas principalmente estas últimas.

Geólogo Geraldo Luís Lino: Não é só no Brasil que políticos se agarram às causas ambientalistas por interesses eleitorais; isso acontece em toda parte. Mas o que é menos evidente é que, mesmo dentro dos grupos dirigentes dos países que criaram e têm fomentado o ambientalismo, existem muitos interesses contraditórios. Por exemplo, nos EUA, a reação ao Protocolo de Kyoto, à agenda de Copenhague e a qualquer arranjo institucional que implique em limitações ao uso de combustíveis fósseis é muito grande. É bom lembrar que 80% da energia primária gerada por lá vêm do carvão, petróleo e gás natural. Por isso, apesar dos compromissos eleitorais do presidente Barack Obama, dificilmente o Congresso irá aprovar qualquer medida nesse sentido, mesmo sendo os EUA o país que mais promove o “aquecimentismo”, com verbas governamentais e privadas para pesquisas destinadas a provar a influência humana no clima, lobbies de todo tipo, peso da mídia, etc.

Prof. Luiz Carlos Molion: Certamente, pode ser visto por meio dessa ótica, já que não há evidências científicas de que o homem interfira no clima global. Grupos econômicos poderosos controlam governos, ou governantes, que, por sua vez, controlam a ordem mundial via organismos, como a ONU. A destruição da camada de ozônio, acima citada, pode ser considerada um exemplo clássico dessa manipulação global. Como a matriz energética global está baseada no consumo de combustíveis fósseis, “descarbonizar”, ou reduzir emissões, significa “gerar menos energia elétrica”, que é fundamental para o crescimento econômico e o bem estar social de qualquer país. Ou seja, essa nova ordem global tenciona condenar a maior parte da população mundial à miséria e grande desigualdade social, possivelmente uma nova roupagem da velha teoria malthusiana, travestida de uma “preocupaçã o ambientalista”, um ecomalthusianismo. Países desenvolvidos, os do G7 em especial, são países sem recursos naturais e energéticos, cujos suprimentos dependem dos países menos desenvolvidos. O Brasil, por exemplo, sempre foi um “provedor” mundial de matérias-primas, ou commodities, como grãos alimentícios e minérios. Por exemplo, nesta classe, vale lembrar que o alumínio, enviado em lingotes purificados, é essencialmente energia elétrica exportada, já que seu processamento industrial (eletrólise) consome grande quantidade dessa energia, além da bauxita. E a UHE Tucuruí foi construída para esse propósito e não para atender a população dos estados do norte do país, nos quais muitos vilarejos ainda não dispõem de eletricidade. Os países do G7 têm dominado o mundo por meio de mecanismos econômico-financeiros, como Banco Mundial, FMI, OMC, barreiras alfandegárias, e agora estão perdendo sua hegemonia. Houve a necessidade de se criar uma estratégia que viesse a impedir que países emergentes, como Brasil, China e Índia, passem a exercer controle em igualdade de condições e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo de matérias-primas para satisfazer as necessidades de suas sociedades de alto consumo. E essa estratégia foi as “mudanças climáticas” provocadas pelo homem e seus impactos irreversíveis, seguindo a mesma receita da destruição do ozônio, agora amplificada por uma propaganda bem organizada, por meio da mídia globalizada, sedenta de catástrofes surrealistas.

Na última parte da entrevista exclusiva ao M@M, os cientistas analisam o papel que o petróleo exerce na questão do AGA, sobre como a criação de um clima de pânico favorece os planos dos aquecimentistas e como o mundo acadêmico brasileiro lida com o tema do Aquecimento Global.

M@M: Prof. Molion, no caso dos Estados Unidos, o principal país do G7, e falando especificamente de petróleo, essa sua afirmativa entra em choque com aqueles que afirmam haver enormes reservas petrolíferas na chamada ANWR – Arctic National Wildlife Refuge, cuja exploração foi limitada a 0.01% da área da reserva ambiental por pressão de grupos ambientalistas ou de seus financiadores. Ainda em 2001, estudos do U.S. Geological Survey (USGS) estimavam que a prospecção na região do ANWR poderia resultar na viabilização econômica de uma reserva de 16 bilhões de barris, uma quantidade mais ou menos equivalente a 30 anos de importações americanas de petróleo da Arábia Saudita. O inicialmente intenso debate sobre a exploração dessa reserva parece ter desaparecido sob uma imensa pressão política, isso quando o governo era ainda do republicano George W. Bush. Um pouco mais tarde, em 2006, foram anunciada s “descobertas” de outras reservas igualmente gigantescas, na região do Golfo do México, em profundidades similares às do tão falado pré-sal brasileiro. Em vista disso e da posição oficial do atual governo americano quanto às emissões de CO2, , ou seja, implicitamente quanto ao uso de petróleo, as necessidades e soluções energéticas para a nação americana parecem bem diferentes e contrárias aos interesses de grupos apenas nominalmente americanos, mas vinculados a interesses globalistas. Enquanto isso, o consumidor (e pagador de impostos) americano é transformado de vítima em vilão, carregando o fardo da “ecoculpa”. O padrão de consumo da sociedade americana é certamente sem paralelo no mundo; ainda assim, parece-nos muito estranha essa aparente opção pela dependência de fontes de energia no exterior. Entra em cena a dicotomia entre aquilo que alguns consideram ser o verdadeiro interesse nacional americano e os interesses de grupos apenas com sede nos Estados Unidos. Qual a sua opinião a respeito desse conflito, ou ainda, desse jogo de luz e sombras?
Prof. Luiz Carlos Molion: Minha afirmação “países sem recursos naturais e energéticos…” é uma afirmação mais geral, que envolve não especificamente os EUA, mas os outros países do G7, como Inglaterra, França, Japão e Alemanha e Itália. Assim, talvez fosse o caso dizer: “…são países sem recursos naturais e energéticos em geral”. Concordo com a idéia de uma dicotomia americana e seu alto padrão de consumo. Concordo, também, que possam existir grandes reservas de petróleo no ANWR e que ainda não foram exploradas por pressões ambientalistas. Entretanto, existem fatos estranhos como, por exemplo, a tomada do Iraque pelos americanos e a grande pressão e ameaça constantes que exercem sobre o Irã, também considerado como grande detentor de reservas petrolíferas. Na época de Saddam Hussein, o Iraque tinha uma produção de 6 milhões de b arris por dia. Após a tomada americana e sua execução, o Iraque passou a produzir cerca de 2 milhões de barris e os EUA controlam a produção nesse país. E os preços aumentaram! Assim, parece que há uma dominância de companhias produtoras que superam o discurso do governo americano. Na realidade, sabemos que, mesmo em países que se dizem “democráticos”, a escolha dos dirigentes é manipulada e se dá de forma a beneficiar os grandes grupos econômicos. Veja o caso de Obama, que tinha o discurso contra guerra e, ao ser eleito, enviou mais 30 mil soldados para o Afeganistão, afirmando que “a guerra é necessária para manter a paz”. Certamente, isso beneficiou a indústria bélica americana, ao mesmo tempo em que condena seu povo ao pagamento de impostos altos. Uma outra hipótese seria de os EUA estarem “guardando suas reservas ” do ANWR para o caso de o petróleo ser realmente “de origem fóssil”.

Entretanto, se o petróleo for de origem inorgânica, como defendem os russos N.A. Kudryavtsev e E.B. Chekaliuk, e os poços se recarregarem em relativo curto período de tempo, a situação pode mudar. Mas, ainda assim, os países precisariam estar próximos das falhas geológicas e das bordas de placas tectônicas.

Em resumo, o assunto parece ser complexo e talvez não tenhamos todas as informações necessárias para tirar conclusões convincentes. Mas, aposto muito na história e no tempo para elucidar os fatos…

Prof. Ricardo Augusto Felício: Sim, de fato, não só apoio essa afirmação, como já temos elementos suficientes que demonstram que isto já é uma tese. Os governos e fundações do Establishment oligárquico internacional detêm esse poder e estão articulando todas as coisas para chegar a esse controle internacional. O importante é ressaltar que tudo é baseado em falácia. Não existe nenhum problema internacional, a não ser os clássicos, como fome, pobreza e falta de saúde e educação, os quais, com o desenvolvimento atual, já poderiam ter sido erradicados Não o fazem porque não querem, propositadamente, claro. E agora, as ONGs ambientalistas ainda fazem campanha contra esses mesmos pobres e famintos, impossibilitando que eles tenham acesso à energia elétrica barata. É impressionante o nível ao qual coisa chegou. Esse poder internacional consegue jogar uns contra os outros. Podemos ver isto em todas as escalas, começando em nível internacional, onde se jogam os países ricos contra os pobres (sendo que os ricos sofrem das mesmas taxações absurdas). Na escala local pudemos observar um pedacinho deste plano com a inspeção veicular “ambiental”, implementada por políticos que servem à “causa”. O governo paulistano jogou os ricos (carros mais novos) contra os pobres (carros mais velhos). Desta maneira, desviou-se o foco da discussão para as camadas sócio-econômicas, quando na verdade, o foco da discussão deveria ser a eficiência de tal empreitada e a quantidade de recursos financeiros que serão desviados dos cofres públicos, de maneira direta ou indireta, para serem repassados a uma empresa particular. Já no próximo ano, os ânimos serão apaziguados, pois todos terão que fazer a inútil inspeção. Não falam que os repasses financeiros chegarão a meio bilhão de reais por ano!

Quanto aos partidos políticos, observo as situações com cautela. Todos se pintam de verde, mas devemos lembrar que esse verde é de dinheiro. Só discutem problemas de mitigação, de novas formas de economia e por aí vai. Forçam a implementação de troca dos processos convencionais, pelos chamados “verdes”, a qualquer custo, não importa se prejudicam as pessoas. Já observo, com grande preocupação, algumas candidaturas como a do presidente da Natura, que quer se tornar candidato à vice-presidência da República do Brasil, ou quando Fábio Feldmann, membro do alto escalão do Greenpeace internacional, quer ser governador do estado de São Paulo.

M@M (8): A administração da catástrofe sempre se mostrou uma fórmula muito útil para se remodelar as sociedades. Não mais se fala daquilo que ontem poderia dizimar a humanidade, a gripe suína. Sabe-se que muita vacina foi vendida e descobriu-se agora que para muitos casos essa era totalmente ineficaz, quando não altamente prejudicial. Não seria o caso de se responsabilizar as autoridades que impõem por força da lei as mudanças drásticas de atitude da sociedade por ameaças que se comprovam fraudulentas ou mesmo inexistentes?

Profª Daniela de Souza Onça: Sim, tais “autoridades” devem ser responsabilizadas pelo desastre humano que estão causando e pelos que ainda causarão. Mas acredito que boa parcela dessa culpa deve recair sobre a comunidade científica global warmer e sobre o público, pois é este quem vota em políticos que anunciam em suas campanhas que vão “salvar o planeta” e combater o aquecimento global. A justificativa de que o público entende pouco do assunto e não pode julgar as questões climáticas, embora cabível, não resolve o problema: quando o público está desencantado com a política, é muito comum ouvi-lo dizer “vou votar em qualquer um, pois apenas um voto não faz diferença”, denotando seu sentimento de impotência. Mas na questão climática é diferente: o cidadão comum acredita poder controlar o clima quando vira a chave do seu carro! Acha que não consegue mudar a política de sua cidade, mas consegue controlar os fluxos de matéria e energia de seu planeta! Ademais, é de catástrofes que o público gosta; ele se sente “todo-poderoso” em saber que, mesmo em sua insignificância, quando nada mais em sua vida está sob seu controle, o clima do planeta está em suas mãos. Se o público possui tais crenças, tudo o que as “autoridades” precisam fazer é estimulá-las. Não está havendo uma imposição de interesses por parte dos políticos e das empresas: eles estão simplesmente dando o que o público deseja.

Geólogo Geraldo Luís Lino: Para quem está interessado em emergências globais, não há qualquer escassez delas. Por exemplo, a falta de saneamento mais elementar afeta quase metade da população mundial e influencia diretamente 2,3 milhões de mortes de criança por ano, nos países subdesenvolvidos – isto significa uma morte a cada 14 segundos. A falta de acesso à energia moderna afeta 1,5 bilhão de pessoas, principalmente na Ásia e na África, que são obrigadas a recorrer aos combustíveis mais primitivos conhecidos, o esterco e a lenha, para as necessidades mais básicas, como cozinhar. E essas são emergências reais e imediatas, que não existem apenas em modelos matemáticos rodados em salas refrigeradas, mas raramente se vêem os ambientalistas fazendo campanhas sobre esses temas, principalmente os dos países desenvolvidos. Ou seja, além de uma percepção bastante equivocada sobre as reais prioridades dessas discussões, há também uma grande dose de hipocrisia por parte dos que pregam a necessidade de controles sobre os combustíveis fósseis. Mas o problema é que a mudança desse quadro só será possível com base em uma “massa crítica” de conscientização por parte da opinião pública em geral, e é neste processo que precisamos investir, com a multiplicação de iniciativas de esclarecimento, como temos feito todos os participantes dessa entrevista.

Prof. Luiz Carlos Molion: Certamente! Assim como há tribunais, como o de Haia, que julgam crimes de guerra hediondos e genocídios, deveria haver um tribunal que condenasse governantes que, movidos pelos interesses de grandes grupos econômicos, viessem a prejudicar os povos de outras nações direta ou indiretamente. Porém, a grande questão é quem estaria no comando de tal organização?

Prof. Ricardo Augusto Felício: Sim, as administrações deveriam ser responsabilizadas e punidas rigorosamente. Adotar políticas públicas e mudar Leis baseadas no princípio da precaução são atitudes alarmantes! Eles querem simplesmente mudar todo o cotidiano das pessoas, principalmente as que vivem nas cidades, baseados em uma mentira. Eles realmente querem remodelar as sociedades utilizando os três grandes medos da humanidade, como o futuro, a mudança e a morte. A precaução é utilizada “pela falta de certeza científica”. Em outras palavras, eles mesmos estão negando que o AGA existe!

A falsa gripe suína é um caso típico de falácia que usa essas premissas falsas. Eu entendo que ela foi utilizada como um outro tipo de teste. O primeiro, em escala planetária, em prazo mais longo, foi a falácia do CFC e da “camada de ozônio”. No caso da gripe, vejo como algo de implementação mais rápida. Simplesmente tratava-se de um surto de uma gripe comum (se é que houve um surto) o qual foi alardeado por um plano midiático para ver se haveria uma resposta da população. Uma vez que o alarde foi imposto, qualquer um que “pegava” uma gripe corria para os hospitais. Desta maneira, registraram-se vários casos. Se não fosse pelo alarde da grande mídia, as pessoas ficariam em casa, tomariam seus chás e vitaminas e, dois dias depois, estariam no batente de novo. Com a propaganda doentia, as pessoas corriam para os médicos e tomavam aqueles remédios. De muitas pessoas com quem conversei, fui informado de que algumas quase morrera m pelo efeito do remédio, e não pela doença. Este fato deveria ser investigado, mas não foi. De qualquer maneira, a gripe teve diversos efeitos colaterais mundiais, em diversas escalas: em certos países, planos e leis foram postos em execução na calada da noite, além de haver mudança no cotidiano das pessoas, como hábitos, calendários, obrigações e por aí vai.

M@M (9): O receio de ir contra a maré do AGA tem feito com que cientistas brasileiros céticos fiquem constrangidos no âmbito da academia para não perder financiamento? A ética científica tem sido abalada nesse tema em particular?

Profª Daniela de Souza Onça: O mundo da ciência, ao contrário do que o público possa pensar, não é composto de homens cujo único interesse é trabalhar pelo progresso do conhecimento e da humanidade. É um mundo passível de corrupção e contaminado de interesses como qualquer outro. Céticos praticamente não recebem financiamentos nem no Brasil nem no resto mundo, ao contrário dos vultosos investimentos na pesquisa aquecimentista, que atrai não somente climatólogos, mas também as chamadas “áreas afins” e outras áreas não tão afins. Eles só têm a ganhar, não apenas em relação a financiamentos, mas também pelo prestígio dentro da academia. O que farão todas as levas de jovens que se enveredaram pelo mundo das “ciências ambientais” ao longo dos últimos vinte anos, na ânsia de desbravar um continente inexplorado e repleto de possibilidades, se se convencerem de que todo esse novo mundo não passou de um castelo de cartas? A causa do aquecimento global deve prosseguir; mesmo que o mundo se resfrie, mesmo que seja demonstrada publicamente a irrelevância da interferência humana, mesmo que as “medidas de mitigação” revelem cada vez mais os lucros exorbitantes das empresas mitigatórias e a miséria exorbitante de milhões de seres humanos, a causa deve prosseguir. Manipulemos os dados, escondamos os reais elementos climáticos e façamos muita propaganda favorável às empresas comprometidas – do contrário, uma imensa quantidade de pesquisas e de recursos nelas investidos terá se revelado em vão. Na climatologia de hoje os céticos representam a ala da resistência da ética científica. Como não recebemos financiamentos e fazemos as pesquisas com dinheiro de nossos bolsos, claramente estamos nesse ramo não por interesses pessoais, mas porque acreditamos que a climatologia ainda pode ser salva da intervenção da salas antiéticas. Pode até parecer utópico, mas eu não penso em desistir.

Geólogo Geraldo Luís Lino: Para começar a responder, quero propor que deixemos de vez de utilizar a palavra “céticos” para qualificar os cientistas que se opõem ao alarmismo climático. Embora nem todos se dêem conta, esta é uma das grandes distorções dessa discussão, pois o ceticismo sadio e permanente é uma condição fundamental para a atividade científica, na qual não existem verdades acabadas e permanentes. Quer dizer, o cientista que não for permanentemente cético não pode ser considerado um verdadeiro cientista. Agora, é verdade que muitos cientistas críticos do “aquecimentismo” se retraem das discussões públicas sobre o assunto, para não ter problemas com os patrocinadores das pesquisas, a publicação de artigos em periódicos científicos, ataques pessoais, depreciação pela mídia e uma série de constrangimentos que os “aquecimentistas” nã o costumam ter o menor melindre em aplicar a eles, como, aliás, ficou comprovado com os e-mails do “Climagate”. Mas, como eu sou um otimista inveterado, creio que, num futuro não muito remoto, essa histeria sobre o aquecimento global será apontada como um estudo de caso exemplar sobre as distorções da atividade científica e a submissão da ciência pela ideologia e a política, como aconteceu na URSS das décadas de 1930 a 1960, com o mencionado “Caso Lysenko”, cujas consequências para a ciência e a sociedade soviéticas foram trágicas. O aquecimento global antropogênico é uma reedição em escala planetária das fraudes perpetradas por Lysenko e seus asseclas politicamente motivados e intimidados.

No Brasil, como eu não acompanho de perto a produção científica nessa área, prefiro deixar esta parte da resposta aos meus co-entrevistados que atuam na área acadêmica.

Prof. Luiz Carlos Molion: No Brasil, em particular, os defensores mais ativos do AGA são a maioria esmagadora, aceitando as teses dogmáticas do IPCC e dessa nova ordem global. Por sua vez, o Governo Federal segue o que é imposto pelo grupo de países dominantes, sem questionamento, o que facilita o trabalho dos defensores do AGA. O Ministério da Ciência e Tecnologia, via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico & Tecnológico (CNPq) e Financiadora de Estudos e projetos (FINEP), e outros organismos de fomento do desenvolvimento científico, como as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAP) estaduais, seguem a filosofia governamental no que tange o financiamento de pesquisa, de tal modo que os cientistas discordantes do AGA são marginalizados. Muitos, como eu, são criticados, com o objetivo específico de serem desqualificados, desprestigiados e terem sua imagem d enegrida perante a opinião pública. Assim, muitos pesquisadores que conhecem as limitações do AGA e suas projeções futuras, se calam. Infelizmente, ética científica é algo que está em falta na comunidade científica brasileira que se dedica aos estudos do clima.

Prof. Ricardo Augusto Felício: Será que ainda há ética na Ciência? Se os cientistas das academias são cobrados por produção, ou seja, realização de pesquisas e publicação de resultados, preferencialmente em revistas no exterior, indago se ainda temos um sistema científico eficiente ou apenas uma indústria de currículos? Quanto aos financiamentos, ficou claro para a minha pessoa que pesquisadores que vão contra a “filosofia” aquecimentista são carta fora do baralho. Nestes termos, os cientistas céticos de verdade ainda preferem ser éticos e independentes, em vez de se venderem ao programa estabelecido pelas agências de fomento. Fica evidente que uma agência é parcial, como a FAPESP, quando ela relata em suas publicações os efeitos das “mudanças climáticas” e das emissões de gases estufa, bem como as pesquisas que os “comprovam” e as tecnologias de mitigação que “resolverão” o problema. No meu caso, nem perco mais tempo mandando nenhum parecer ou pedido de bolsa. Lá não existe mais Ciência climática, mas sim uma empreitada para legitimar a “causa”. Deste modo, prefiro ser carta fora do baralho, em vez de contribuir para construir uma “ciência” baseada em um castelo de cartas.

M@M (10): Há algum estudo a respeito da alteração no perfil da produção científica brasileira na área do clima devido à avalanche de financiamento para “comprovar” o AGA?

Profª Daniela de Souza Onça: No capítulo 1 do quarto relatório do IPCC, afirma-se que a produção científica em mudanças climáticas cresceu quase exponencialmente de 1951 a 1997, dobrando a cada 11 anos; e que 95% de toda a literatura sobre mudanças climáticas desde 1834 foi publicada após 1951. Parece-me pouco provável que esse crescimento não esteja relacionado aos vultosos financiamentos para pesquisa climática. Sobre o Brasil, não conheço um estudo específico, mesmo porque o Brasil não é um país de grande tradição em ciências da natureza de maneira geral, mas certamente ocorreu um notável crescimento.

Geólogo Geraldo Luís Lino: Pelo mesmo motivo exposto na questão anterior, prefiro deixar a resposta aos demais.

Prof. Luiz Carlos Molion: Não há estudo que seja de conhecimento público. Mas, torna-se claro, ao analisar as publicações, que a maioria dos artigos científicos aceitos para a publicação é dos que, direta ou indiretamente, apóiam a hipótese do AGA. A maioria desses estudos traz resultados de modelos numéricos que, como dito acima, são inúteis e não se prestam ao planejamento das atividades humanas. Por outro lado, estudos que procuram mostrar a variabilidade natural do clima tendem a ter sua publicação dificultada ou mesmo rejeitada. Um ponto importante é que o financiamento de projetos na área de clima e em áreas correlatas, como agricultura, recursos hídricos e meio ambiente, tem sido amplo, bastando mencionar, no objetivo do projeto, uma possível relação com o clima futuro, modificado pela ação humana.

Prof. Ricardo Augusto Felício: Sim, a própria FAPESP se “orgulha” de demonstrar seus financiamentos a tais empreitadas desde a “destruição da camada de ozônio por CFCs”. Desta maneira, basta pegar o catálogo de publicações e verificar o número de pesquisas e quanto dinheiro público foi gasto para “provar” mentiras científicas. O importante é ressaltar que mesmo que estas pesquisas estivessem focando um objeto de estudo que envolvesse processos naturais ou ordens de grandeza superiores, no final, a culpa era sempre da ação antropogênica. Isto é lamentável!

PERGUNTAS INDIVIDUAIS (também em ordem alfabética por entrevistado):

M@M pergunta à Daniela de Souza Onça: Em sua atividade acadêmica, mas principalmente numa de suas atividades profissionais, lhe é possível o contato direto com jovens que ainda aspiram pelo ingresso nas universidades brasileiras. Desse contato, lhe é possível fazer uma avaliação da qualidade da informação sobre o clima que circula entre esses jovens?

Profª Daniela Onça: A informação que eles trazem para a sala de aula é 100% proveniente da grande mídia, com sua costumeira superficialidade, alarmismo e polarização. No entanto, noto entre eles algo ainda mais perigoso: todos eles sabem que estão encarregados de “salvar o planeta”, mas um número considerável não sabe quem é Al Gore ou o IPCC. A informação deles é extremamente difusa, como se já tivessem sedimentado um novo senso comum, que nem sequer precisa ser discutido ou receber maiores informações, mesmo provenientes de global warmers. “O planeta está aquecendo devido às emissões industriais de gás carbônico” é algo tão óbvio para eles quanto “o céu é azul” ou “a água molha”. Mas, por incrível que pareça, um número não desprezível deles (talvez uns 20%) fica muito satisfeito com as aulas em que desmascaro a farsa, usando conceitos bastante rudimentares de Geografia, Física e Qu ímica, e se tranquilizam ao saber que o mundo não vai acabar e que não constituem mais uma massa de manobra de políticos e empresários! Por isso ainda tenho a esperança de que um pouco mais de esclarecimento às pessoas de maneira geral pode retardar ou mesmo evitar os projetos ilegítimos ora em curso.

M@M pergunta ao geólogo Geraldo Luís Lino: Em seu livro A fraude do aquecimento global há uma breve, mas muito interessante referência à “ciência da noosfera”. Seria possível explicar isso ao leitor do M@M?

Geólogo Geraldo Luís Lino: O conceito de noosfera, ou esfera da razão, foi desenvolvido a partir da década de 1920, pelo grande cientista russo Vladimir Vernadski, iniciador da Biogeoquímica como uma disciplina científica voltada para o entendimento dos fluxos energéticos, os ciclos dos elementos químicos e as transformações que ocorrem nas interações entre os seres vivos e o meio físico. Para ele e seus seguidores, a partir do conceito da biosfera, a esfera da vida, a noosfera representa o estágio mais avançado do processo evolutivo, com o qual a humanidade passa a atuar como uma “nova força geológica” na transformação do meio físico-biológico no qual se insere. Vale ressaltar que essas transformações são vistas, primariamente, como consequências naturais da presença humana no planeta, em vez de intervenções eminentemente deletérias, como propõem os adeptos de uma visão idílica da natureza e do ambiente . Infelizmente, o trabalho de Vernadski e seus discípulos sofreu grandes limitações políticas durante o regime soviético e, mesmo depois do fim da URSS, ainda é pouco conhecido fora da Rússia e da Ucrânia, em grande medida, pela escassez de traduções para as línguas ocidentais. Nem mesmo em inglês existem muitos trabalhos deles publicados e, em português, simplesmente nenhum. Mas, aos poucos, ele começa a receber a importância que lhe é devida. A expressão “ciência da noosfera” tem sido proposta para qualificar a atualização e o desenvolvimento das linhas de estudos propostas por Vernadski para identificar e quantificar as interações entre a humanidade civilizada e o meio em que vive. De minha parte, estou convencido de que se trata do caminho certo para que, futuramente, possamos tratar essas interações de uma forma verdadeiramente científica, em lugar da orientação eminentemente ideológica que prevalece hoje. Por isso, também espero ver proximamen te edições em português desses trabalhos.

O M@M pergunta ao Prof. Luiz Carlos Molion: Em sua longa e notável carreira, certamente houve oportunidade de observar o comportamento de pelo menos duas gerações de cientistas brasileiros. Se houve melhoria na capacitação específica de nossos cientistas, houve algum decréscimo na qualidade intelectual geral ou mesmo da qualidade moral desses cientistas?

Prof. Luiz Carlos Molion: Há 40 anos me dedico a estudos do clima. Ao longo desses anos, lutamos para dotar o Brasil das condições que tem hoje, que o põe em destaque na área de Meteorologia e Climatologia, ao mesmo nível dos países desenvolvidos. Procuramos transmitir aos nossos seguidores, por meio de nossas aulas e palestras, a integridade e ética científica e autenticidade e veracidade na publicação dos resultados científicos obtidos, deixando clara a metodologia para que tais resultados possam ser replicados. Sim, houve, sem dúvida, grande progresso nessa área da Ciência e na qualidade intelectual de nossos profissionais em relativo pouco tempo! Porém, tal como em outros países, em particular a Inglaterra e os EUA, agora em foco no caso do AGA, existem cientistas brasileiros que procuram se aproveitar da situação em benefício próprio, relegando os princípios básicos que regem a Ciência e o comportamento dos cientistas na comunidade e na sociedade.

M@M pergunta ao Prof. Ricardo Augusto Felício: Desde o início das atividades do M@M, havia a preocupação com o tema geral do ambientalismo e para isso, através de traduções e artigos de nossos colunistas, recorríamos a fontes estrangeiras, notadamente americanas, australianas e britânicas. Foi muito grata a nossa surpresa de verificar a existência de grupos tais como o FakeClimate. Direto ao ponto: quais as perspectivas e planos desse grupo de pesquisadores e cientistas brasileiros no âmbito da academia, especificamente na climatologia?

Prof. Ricardo Augusto Felício: A idéia do FakeClimate era justamente unificar as visões de todos os cientistas brasileiros, das mais variadas áreas, que se sentiam incomodados com a falácia do AGA e seus desdobramentos. Desta maneira, um pequeno grupo de pesquisadores de Meteorologia, Geografia e Climatologia (aqui incluídas tanto a visão da Meteorologia e da Climatologia Geográfica) se juntaram para colecionar artigos nacionais e internacionais, além de escrever e publicar artigos na nossa língua. Uma vez estabelecido, o grupo foi crescendo, com participação de engenheiros ambientais, professores, oceanógrafos, ambientalistas (de fato, ou seja, aqueles que entendem as relações escalares) e até mesmo estudantes de filosofia. Vale ressaltar que o grupo não recebe financiamento de nenhuma instituição, pública ou privada. Mantemos contato efetivo com diverso s pesquisadores internacionais, numa relação direta, com troca de informações, literatura e trabalhos. Não temos ideologias políticas e religiosas e não servimos a ninguém. Os trabalhos são realizados à custa de grande esforço, tanto particular, como coletivo, com recursos tirados da venda da nossa força de trabalho individual. Há muito custo, conseguimos publicá?los em revistas, jornais e eventos científicos (pois muitas vezes são simplesmente recusados, com a argumentação de não serem científicos!). Enquanto os pseudocientistas recebem fábulas de dinheiro para “comprovar” a existência do “aquecimento global” com origem antropogênica através de seus modelos climáticos aquecimentistas, nós realizamos um rateio entre os que podiam contribuir voluntariamente pelo grupo, para juntar R$270,00 e manter nosso sítio por mais dois anos no ar. Em outras palavras, com muita massa cinzenta e quase nada de recursos, escrevemos trabalhos de pesquisa sérios e efic ientes na área de Climatologia Geográfica e de outras ciências afins, bem como mantemos publicados os artigos dos pesquisadores céticos do Brasil e exterior, sem nenhum ônus para estes.

Temos diversos planos de pesquisa em andamento e outros em fase de elaboração. Alguns não vão para frente por falta de recursos financeiros para a compra de material de pesquisa e aquisição de dados. Muitos deles, certamente, comprovariam a falácia do AGA. De qualquer modo, deve ficar bem claro para os leitores desta entrevista: Não há evidências de que os gases estufa humanos façam a temperatura do planeta subir! Os aquecimentistas sabem disto e ficam inventando coisas para dizer que existem. Imagens de frentes de geleiras desabando no mar, mortes de ursos polares, descoloração de uma ou outra barreira de corais e falso alagamento de ilhas do Pacífico não são evidências de “aquecimento global”, muito menos que de que estes eventos sejam causados pelas atividades humanas. Se fosse assim, não continuariam a gastar bilhões de dólares em Dubai, não é mesmo?! Além disto, é lastimável ver que qualquer evento meteorológico extremo é atribuído como evidência de que existe o AGA. Os eventos sempre existiram e fazem parte de ciclos da variabilidade natural do clima. O que acontece atualmente é que aprendemos a monitorá-los e que muitas pessoas vivem em locais onde eles sempre atuaram.

A meu ver, e de um modo geral, a Ciência acabou. Tornei-me cético diante tudo que vejo, leio e ouço. Uma vez que vejo comprometimento das pesquisas com interesses comerciais e políticos, não vejo mais como acreditar em seus resultados. Esta patifaria é, obviamente, proposital. Quando as populações do mundo acordarem para o fato de que a “ciência” tem manipulado as coisas em prol de grupos, elas nunca mais acreditarão em seus resultados e o desfecho disto é que cairemos para mais uma época de trevas. Temos notado uma corrida desenfreada desde os anos 1990 para a completa irracionalidade. Penso eu que devemos tentar salvar as ilhas remanescentes da Ciência que ainda restaram. A equipe Fake Climate é uma delas.

Para concluir, desafiamos os aquecimentistas, internacionais e nacionais, como Carlos Nobre e Cia. a demonstrarem o AGA sem o uso dos seus modelos computacionais viciados. Ficará evidenciada a falácia, pois o AGA só consegue existir no mundo da fantasia dos modelos. Ressalto: que os leitores fiquem atentos aos artigos aquecimentistas publicados nas revistas “científicas” e da mídia. Eles sempre dizem “resultados dos modelos indicam…” ou “estudo gerado por modelos comprovam…”, em outras palavras, os códigos de computador irão fazer justamente o que foram programados para fazer: “comprovar” que o AGA existe! Eles estão astronomicamente errados e só servem para tentar manter uma parte da ciência meteorológica ainda viva: a dos modelos computacionais. Ela se mostrou ineficiente e pouco evoluiu. Se 40 anos atrás ela prognosticava o tempo com razoável certeza de dois dias, hoje ela o faz mais ou menos para sete dias, isto se nenhum fator fora de controle interferir nos processos. Então, o que dizer de 100 anos? Só pode ser piada construir toda uma nova sociedade em cima de resultados de modelos computacionais fajutos que nada representam. A trama que está por vir, como discutimos, é outra. Temos desperdiçado tempo e dinheiro nestes assuntos, ao invés de investi-los nas áreas de pesquisa da Meteorologia e Climatologia Geográfica que realmente iriam ajudar a Humanidade. Dessa maneira, então a conclusão é simples: não queremos ajudar!

Considerações finais: Aqui o Mídia@Mais deixa espaço aberto para as considerações gerais/finais dos entrevistados.

Profª Daniela de Souza Onça: Gostaria de deixar uma mensagem a todos os leitores: percam o medo de serem rotulados de nazistas, destruidores do meio ambiente e vendidos aos magnatas do petróleo. Quem nada contra a maré está simplesmente defendendo a boa ciência da influência de global warmers oportunistas e carreiristas. São eles que recebem financiamentos de governos, empresas e ONGs para mentir, aterrorizando a população com problemas que não existem. Precisamos retomar a dimensão efetivamente crítica de nossa ciência e desestimular essa mera apologia do existente disfarçada de comprometimento com as gerações futuras em que ela está se convertendo. Acredito que essa retomada só será possível através de minuciosas investigações sobre o real estado das pesquisas sobre as mudanças climáticas, os mecanismos de criação de consenso, os interesses estruturais que reprimem a livre produç ão e divulgação de pesquisas descomprometidas com este existente e, acima de tudo, através da perda do medo e dos interesses velados entre os cientistas do clima. A hipótese do aquecimento global é, sim, um castelo de cartas muito fácil de demolir, e não há qualquer motivo racional para os defensores da verdadeira ciência climática cruzarem os braços.

Geólogo Geraldo Luís Lino: A histeria sobre o aquecimento global representa o elemento mais avançado da ideologia ambientalista, com todos os seus exageros e radicalismos que ultrapassam em muito quaisquer requisitos racionais de proteção ambiental e acabam funcionando como um enorme obstáculo ao pleno desenvolvimento da humanidade como um todo. O corolário desse discurso irracional, nem sempre percebido, é a sugestão de que não há condições de que todos os habitantes da Terra possam desfrutar dos níveis de bem-estar já atingidos pelos países industrializados, supostamente, pela falta de recursos naturais e a incapacidade de tolerância do meio ambiente. Esta idéia é não só cientificamente falaciosa, bem como moralmente inaceitável. O problema das desigualdades de progresso e bem-estar, tanto entre os países como dentro deles, não se deve a limitações físicas, mas a deficiências éticas e políticas. Se houvesse vontade política, em menos de duas gerações seria possível conceder a cada habitante deste planeta um nível de vida equivalente ao de um europeu médio, sem prejudicar as perspectivas das gerações futuras ou submeter o ambiente a pressões intoleráveis. Evidentemente, os radicais e os desinformados dirão que isso é um delírio, mas esta é exatamente a essência do discurso ambientalista – que, na verdade, não passa de uma atualização mal disfarçada do velho malthusianismo. Por isso, é tão importante a desmoralização desse cenário catastrofista sobre as mudanças climáticas, que, aliás, já está em marcha, embora ela não vá ocorrer de uma hora para a outra. Assim sendo, só posso saudar iniciativas como a do Mídia@ Mais em proporcionar esse fórum de discussões sobre um tema de tamanha relevância para a atualidade.

Prof. Luiz Carlos Molion: Um ponto que não foi abordado e que é crucial para as próximas gerações é o fato de essas teses dogmáticas, como a destruição da camada de ozônio e aquecimento global provocados pelo homem, já estarem nos livros do ensino básico ou fundamental. O Ministério da Educação (MEC) não fiscaliza, ou mesmo permite, que tais assuntos venham a fazer parte do conteúdo dos livros de Ciências. Os professores dessas crianças, por sua vez, não têm o conhecimento suficiente para criticar o conteúdo relativo a clima e meio ambiente e simplesmente repetem o que foi colocado pelos autores. Crianças de 4º e 5º anos estão tendo uma visão completamente distorcida da realidade e passando por uma verdadeira lavagem cerebral em pleno século XXI, semelhante à imposta pela Inquisição na Idade Média. Esses livros textos deveriam conter apenas fatos científicos comprovados e não hipóteses sem bas e científica alguma. Minha pergunta é qual será a credibilidade da Ciência e do Ensino, na área de Meteorologia e Climatologia, quando, num futuro próximo, os então jovens, com 25, 30 anos de idade, perceberem que foram enganados, ludibriados? Sim, porque todos os indicadores climáticos apontam para um resfriamento nos próximos 20 anos. E nesse período não será difícil explicar porque o homem e sua emissão de carbono não controlam o clima global. Mas ainda, será difícil explicar a histeria da urgência climática que tomou conta do mundo no final do Sec. XX e início do Sec. XXI.

Prof. Ricardo Augusto Felício: Acredito que estamos observando e vivenciando uma fronteira, uma zona cinzenta que nos remete aos mais profundos abismos de uma nova era das trevas, fruto de uma forçada involução tecnológica, econômica e social. Cientistas sérios sofrendo a coerção de imposições políticas que querem criar uma nova sociedade e uma nova cultura de cotidiano. Estas se aplicam às pessoas que já vivem no século XXI (como costumo dizer, as que comem, vestem-se e dormem em uma casa). Ao mesmo tempo, forçará as pessoas que ainda vivem em um esquema da Idade Média (sem acesso à energia barata), ou ainda na Idade da Pedra, a ficarem naquele tipo de vida, ou seja, 80% da população do mundo. Em outras palavras, a pseudociência, as ONGs e os políticos estão condenando a Humanidade a um esquema corrupto e injusto de escravidão e de pobreza eterna. Consolidar dispositivos como o cap?and?trade (limitar-e-comercializar) nos quais cotas de emissões de gases se transformam em títulos negociáveis no mercado da fumaça, mostra bem o caráter desses grupos. No caso do Brasil, eu vejo enorme falta de patriotismo dessa gente. Eles estão vendendo o nosso país e o futuro do nosso povo sem nenhum constrangimento e ninguém entende ou fala nada. Eles trabalham com a maior eficiência para o Establishment, sem nenhum pudor. E o que mais assusta é ver que o brasileiro acha isso ótimo, pois vai ajudar a “causa”. Vai “salvar” o planeta! Só não sabem que quem precisa ser salvo somos nós mesmos. O planeta não está nem aí para quem está aqui. Nestes termos, e muito em breve, nós iremos perder a soberania nacional sobre a Amazônia e toda sua gama de recursos naturais em função da discussão das “queimadas” e pela “causa ambiental”. Já que o Brasil não consegue cuidar deste problema, a ONU vai cuidar! Livros estadunidenses já foram publicados com a Amazônia descrita como “território internacional”. O que mais assusta é que nós brasileiros vamos acabar concordando e querendo isto.

Disponível em: <http://sandcarioca.wordpress.com/2010/04/30/mudancas-climaticas-verdade-ou-mentira-3-parte/>

Acesso em: 12 nov. 2011