quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Painel sobre mudanças climáticas culpa ação do homem

Painel sobre mudanças climáticas culpa ação do homem
 
Enchente
IPCC deve apoiar tese polêmica sobre formação de tempestades
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) anunciou nesta sexta-feira que as alterações no clima do mundo são “muito provavelmente” causadas pela ação humana.
A expressão “muito provavelmente” do IPCC significa uma probabilidade acima de 90%. Essa declaração é mais forte do que a feita em 2001, ano em que foi lançado o último grande relatório do órgão.
O IPCC previu um aumento de temperatura entre 1,8º C a 4º C, e que esse aumento afetará o clima e a natureza. Como exemplo, foi dito que o sul da Espanha, o sul da França e partes da Itália poderão vir a ser quase inabitáveis.
A previsão é de que haja um crescimento no nível do mar e uma ocorrência cada vez maior de tempestades e furacões.
Cientistas divididos
Especialistas estão divididos. Alguns acreditam que é melhor seguir previsões conservadoras que indicam um aumento de meio metro no próximo século, baseadas em modelos de computadores que excluem o derretimento de geleiras.
Para outros, o melhor seria incluir estimativas de quanta água se originará das camadas da Groenlândia e da Antártica Ocidental.
As decisões tomadas em Paris, nesta semana, provavelmente vão produzir um resumo do estado atual da ciência meteorológica.
O documento do IPCC atrai muita atenção de políticos, cientistas e ambientalistas por representar uma posição definitiva da comunidade científica sobre o problema das mudanças climáticas.
Em Nairóbi, no Quênia, o diretor executivo do programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês), Achim Steiner, disse a jornalistas que as descobertas do painel devem ser “o ponto final em qualquer discussão sobre o que está causando o aquecimento global”.
O relatório completo só deve ser lançado no meio do ano, com capítulos adicionais produzidos pelo IPCC sobre os prováveis impactos do aquecimento global, opções de adaptação e possíveis caminhos para se reduzir emissões de gases poluentes.
É provável que o IPCC manifeste algum tipo de apoio à polêmica teoria de que o aumento da temperatura no mundo contribuiu (com mais de 66% de chances) para a formação de fortes tempestades tropicais em algumas áreas do mundo.

FONTE: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/02/070202_climahumans2.shtml, em 02/02/07.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

África do Sul sediará primeiro observatório de mudanças climáticas do mundo

Está sendo construído, na Cidade do Cado, na África do Sul, o primeiro observatório de mudanças climáticas do mundo. Destinado a observação e fornecimetno de informações científicas sobre as consequencias que o aquecimento global está causando no planeta. O primeiro observatório de mudanças climáticas do mundo está sendo construído na Cidade do Cabo, África do Sul. O observatório terá como foco fornecer informações científicas sobre o planeta e as suas mudanças devido ao aquecimento global.

O Observatório Polaris de Mudanças Climáticas será construído pela International Polar Foundation (IPF). O projeto pretende servir como um caminho para sustentabilidade, oferecendo a visitantes de todas as idades exposições permanentes e temporárias, atividades educacionais e de conscientização, novas formas de apresentar fatos e números sobre o clima, novidades da ciência e inovações do setor.

O vice-presidente do IPF, Nighat Amin, disse que a África do Sul sentia uma "necessidade real e uma profunda vontade de resolver os seus problemas, visíveis por toda parte". O IPF abordou outros países para construção do observatório e constatou a existência de muitos interesses velados. De acordo com Amin, quando o IPF apresentou a ideia para a África do Sul e a Cidade do Cabo, "encontramos tantas pessoas que estavam dispostas a falar conosco e apoiar o projeto que ele deslanchou muito rápido", afirmou.

"O Polaris pretende desmistificar o debate sobre as mudanças climáticas e dar aos visitantes uma visão e compreensão mais amplas sobre o tema, e isso é muito importante porque as decisões que as pessoas tomam hoje afetarão o seu próprio futuro", complementou Amin.

Iceberg gigante em forma tabular

O observatório com 3000 metros quadrados construídos – cuja forma lembra a de um iceberg gigante em forma tabular flutuando sobre a água - contará com uma exposição permanente e dois poderosos símbolos para representar as mudanças climáticas.

O primeiro símbolo será um globo da Terra, ponto focal em torno do qual os visitantes serão guiados durante a visita ao observatório. O globo servirá ainda como uma tela em 3D onde serão projetados conceitos-chave.
O segundo símbolo será um "núcleo de gelo gigante, cortado por uma escada transparente em espiral. Núcleos de gelo são os guardiões da história climática da Terra, datada de até 800.000 anos atrás", informa o IPF.

Complementando a exposição permanente, o observatório oferecerá ainda um programa educacional completo para escolas, com workshops e espaços para exposições temporárias de soluções da ciência, tecnologia e sociologia para uma sociedade de baixo carbono.

Fonte: Administradores.com

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Entrevista com Carlos Scaramuzza e Karen Suassuna do WWF Brasil

Em entrevista, Carlos Scaramuzza e Karen Suassuna, superintendente de conservação e analista de Mudanças Climáticas do WWF Brasil, comentam alterações no código florestal, refutam a ideia de que investimento em uma economia de baixo carbono é perda econômica e incitam o país a forçar posições avançadas de outras nações em desenvolvimento.



Os embates a respeito do Código Florestal são antigos, datam do ano de 1996. Na sua opinião o Código realmente precisa ser reformulado?

Scaramuzza – Não. A legislação vigente precisa é ser implementada. E nesse processo de implementação, as questões que precisam de alguns ajustes devem ser enfrentadas. Na verdade, um ponto que precisa de mudança é o mito de que as propostas de alteração do Código que estão correndo pelo Congresso são baseadas em ciência.

Tanto ambientalistas quanto ruralistas concordam que qualquer eventual mudança deve ser baseada na ciência. Mas a discordância está na escolha do tipo ciência vai embasar essas alterações. Uma ciência enviesada, como aquela na qual se baseia o projeto de reformulação do Código, não pode ser caracterizada como ciência. É preciso sempre ter em mente que os resultados científicos nem sempre vão ser favoráveis a sua posição política.

Em alguns momentos, os ruralistas chegam até a admitir um Código mais rígido na Amazônia. Mas fora deste bioma eles defendem uma legislação mais frouxa. Nós podemos considerar esse foco concentrado na Floresta Amazônica como uma estratégia para desviar a atenção aos problemas enfrentados em outros biomas do país?

Scaramuzza – Sim. Para se ter uma idéia, o Cerrado é o bioma brasileiro mais ameaçado. Metade de sua área está desmatada. E existe uma série de estratégias voltadas para colocar o foco da atenção na Floresta Amazônica, inclusive nas próprias lideranças políticas. O ex-ministro da agricultura Reinhold Stephanes, por exemplo, concordava com o fim do desmatamento na Amazônia, mas não demonstrava interesse em recuperar áreas de outros biomas. Não se pode aceitar esse tipo de troca, pois precisamos também de um ordenamento territorial robusto para as outras áreas do país.

É claro que não podemos esquecer que a Amazônia é a maior floresta do mundo, apresenta uma biodiversidade fantástica. Além disso, é possível promover o desenvolvimento sustentável da região com base na manutenção da floresta em pé. Mas não devemos negligenciar o que ocorre de grave no restante do país.


Essas alterações nos biomas brasileiros podem ser refletidas em setores produtivos do país, e não apenas na área ambiental?

Scaramuzza – Sem dúvida, os eventos climáticos extremos têm um grande impacto na economia. O aumento da incidência desses eventos está relacionado principalmente à região Sudeste, onde está concentrada a maior parte da população brasileira e da atividade econômica. Recentemente, fortes temporais e enchentes pararam São Paulo e Rio de Janeiro. E o caos nessas duas cidades podem trazer grandes prejuízos financeiros para o país. Imagine quantos negócios deixaram de ser fechados.

Isso, claro, sem mencionar as outras consequências das alterações do clima, como a mudança completa da estrutura da produção agrícola do país – que irá gerar um forte impacto econômico no setor.

Karen – Vale ressaltar que alguns analistas financeiros europeus têm identificado uma tendência de crescimento e uma capacidade de recuperação maior nos negócios que envolvam a economia verde. Nas empresas norte-americanas que investiram em tecnologia de produção mais limpa e geração de energia sustentável, por exemplo, o crescimento foi maior do que a média da economia dos EUA. A mesma coisa ocorreu na Europa: as empresas e os fundos de investimento que tinham capital nesses setores sentiram menos os impactos da crise do que aquelas que investiram em outras áreas.


Há como utilizar estes dados e tentar mostrar o lado positivo do investimento em desenvolvimento sustentável?

Karen – Eu não chamaria de lado positivo, mas sim de um efeito necessário, já que é imprescindível uma profunda transformação na forma de produção atual. Ou seja, não podemos usar a energia, produzir bens materiais e commodities agrícolas e explorar florestas como vem sendo feito até hoje. Esse é um grande desafio a se percorrer.

E é preciso ficar mais claro o envolvimento dos vários setores da sociedade com as ações de preservação do meio ambiente. O custo inicial é mais alto, mas sem investimento o negócio não prospera e fica insustentável. Acredito que vamos ver uma transformação tecnológica que influencie a maneira de se produzir e lidar com a conservação da natureza nos processos produtivos.

Aqui no Brasil, por exemplo, o setor de cosméticos vem crescendo muito e apresentando em vários de seus negócios alguma ação relacionada à conservação da natureza. Isso se reflete claramente no padrão de negócio, agregando valor ao produto, conquistando clientes que demonstram preocupação ambiental, enfim trazendo resultados positivos. As duas grandes líderes brasileiras no setor têm esse perfil.

Scaramuzza – E vale lembrar que o risco de uma mudança climática abrupta é muito maior do que qualquer benefício econômico que possa surgir a partir da manutenção do atual modo de produção ou do aquecimento de algumas partes do planeta. O Canadá, por exemplo, pode se tornar um país agrícola. E sem dúvida tem gente fazendo especulação imobiliária na Noruega, ou ainda trabalhando no desenvolvimento de projetos que seguem essa linha. Mas nada disso tira a importância de uma ação rápida de mitigação para evitar os riscos das alterações do clima.

Em relação às negociações internacionais, quais são os principais desafios enfrentados para se alcançar um acordo que contribua no combate as alterações do clima?

Scaramuzza – O grande desafio é ultrapassar o limite do modelo de convenções das Nações Unidas. É muito difícil conseguir avanços em um mecanismo baseado na necessidade de construir consenso, porque o papel de quem quer bloquear as negociações fica facilitado.

Os EUA, uma das nações mais importantes para a mitigação das mudanças climáticas, representam um outro limite no processo da Convenção, porque precisa da aprovação de qualquer medida com uma maioria na Câmara e no Senado, o que dificulta as negociações.

Nós estamos próximos a um momento que vamos tem que passar a trabalhar em outros tipos de iniciativas multilaterais para avançar com a agenda, como aquelas entre blocos de países, ou um trabalho mais junto ao setor produtivo. Tudo no sentido de fazer a agenda se mover.

Nesse sentido, grupos como o BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China) pretendem concretizar uma mudança de cenário. Qual o papel do Brasil nesse grupo?

Scaramuzza – O Brasil precisa fazer com que as outras nações do BASIC avancem no tratamento do tema. É o país mais progressista do grupo, com as posições mais avançadas. Fazer com que as outras nações, como China e Índia, avançassem nas posições adotadas é mais importante do que pedir mais ousadia da postura brasileira. O que o Brasil não pode aceitar é diminuir sua opinião, ou ser freado pela falta de ambição de outros países, ou ainda defender posições tímidas em função de um alinhamento político com outros países do BASIC.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Muitos países e organizações elogiam Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Durban

A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, realizada em Durban,aprovou ontem (11) uma resolução que estabelece os termos de aplicação do segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto. Da conferência, saiu também, a criação do Fundo Verde Climático, destinado a ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar as alterações climáticas. Muitos países e organizações aplaudiram o êxito das negociações. Porém, houve críticas direcionadas aos participantes que são vistos como obstáculos para a chegada a um entendimento.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, divulgou uma declaração em que elogia o sucesso do evento. Para Ban, a decisão de seguir para uma segunda fase de aplicação do protocolo, vai estimular os envolvidos a investir mais no desenvolvimento de capacidade técnica e de infraestruturas. Por outro lado, o êxito das conversações ajudará todo mundo a enfrentar as mudanças climáticas.

Dilma Rousseff, a presidente brasileira, mostrou-se satisfeita com os esforços da delegação do seu país durante o processo de discussão e ressaltou que o êxito da conferência deu nova vida ao Protocolo de Kyoto.

O porta-voz da chancelaria chinesa, Liu Weimin afirmou hoje numa coletiva à imprensa que o país espera que as nações desenvolvidas aumentem o nível de compromisso de redução da emissão e concretizem suas promessas de verbas e transferência técnica.

Liu Weimin disse que a China deseja que os países desenvolvidos se entendam com os em desenvolvimento, a fim de concluir a negociação da segunda fase de aplicação do protocolo de Kyoto na Conferência do Qatar, no próximo ano, e resolver os problemas do Mapa da Rota de Bali.

A Oxfam Internacional publicou um comunicado, dizendo que o saldo da conferência não foi muito bom, e que os países que impediram o progreesso da reunião, como EUA, Canadá, Japão e Austrália, devem ser responsabilizados por esse resultado.

Fonte: http://portuguese.cri.cn/561/2011/12/12/1s143516.htm

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dilma considera positivo resultado da conferência do clima da ONU, enquanto Greenpeace considera um "fracasso"

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, avaliou como positivo o resultado da conferência do clima na África do Sul, na qual foi formulado um mapa do caminho para reunir os maiores emissores de gases do efeito estufa, informou a imprensa brasileira neste domingo.

A Agência Brasil indicou que Dilma telefonou para a sua ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e disse a ela que está "satisfeita com o resultado da conferência, especialmente com a atuação do país durante as negociações".

O mapa do caminho, considerado uma importante arma na luta contra as mudanças climáticas, foi aprovado em Durban neste domingo depois de 14 dias de duras negociações na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês).

Se for aprovado como está previsto em 2015, o pacto será operacional a partir de 2020 e se tornará o principal instrumento na luta contra as mudanças climáticas.

A Presidência brasileira indicou que o acordo ajudará a dar um novo ar às negociações para renovar o Protocolo de Kioto, que expira no final de 2012.

Entretanto, a organização ambientalista Greenpeace criticou a conferência da ONU sobre alterações climáticas, terminada hoje em Durban, que considera um fracasso, defendendo que os governos participantes deviam "sentir-se envergonhados".

Em comunicado, a Greenpeace garante que "as negociações de Durban acabaram da mesma forma que começaram: em fracasso", e que os "governos elegeram escutar os poluidores" em vez das pessoas.

"Fracassou o reforço de medidas anteriores de proteção do clima e manteve-se a distância de novas normas globais para lutar contra as alterações climáticas", explica a organização internacional.

(Fonte: www.google.com)

Durban sofre com efeitos das mudanças climáticas

Nesta sexta-feira, terminou em Durban, na África do Sul, a COP17. Nessa cidade sul-africana, a população mais humilde é a que mais sofre com os efeitos das mudanças climáticas. Nos cinturões de pobreza ao redor da cidade, a água entrou nas casas com o transbordamento dos rios por causa das fortes chuvas.

Veja a reportagem clicando no link abaixo:

Vídeo

Causas e efeitos das mudanças climáticas

Climatologista Carlos Nobre diz que a capacidade do homem de transformar o sistema terrestre não tem paralelo entre as espécies e precisa ser usada para mitigar as mudanças.

O Brasil leva uma vantagem em meio ao esforço internacional para atenuar os efeitos do aquecimento global. Metade das emissões brasileiras provém do desmatamento, sobretudo na Amazônia, uma atividade econômica predatória que rende apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB). “Para países como a China e os Estados Unidos, nos quais as emissões de CO2 estão ligadas principalmente à queima de combustíveis fósseis, a redução impõe severas restrições ao modelo de desenvolvimento econômico, enquanto o Brasil pode contribuir sofrendo muito menos”, disse o climatologista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em palestra realizada em São Paulo no dia 14 de junho sobre a Ciência do sistema terrestre e a sustentabilidade da vida no planeta. “O desafio é encontrar uma solução para a questão da Amazônia que fuja do modelo tradicional baseado na exploração de soja, madeira e pecuária”, afirmou. A palestra de Nobre fez parte da programação cultural da exposição científica Revolução Genômica, que ocorreu no Pavilhão Armando de Arruda Pereira, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Um dos mais renomados climatologistas do país, Carlos Nobre é coordenador do recém-criado Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Inpe. Também integra o grupo de pesquisadores brasileiros que participa do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas que ganhou o Nobel da Paz de 2007 ao lado do ex-vice presidente dos Estados Unidos Al Gore. Por mais de duas horas, Nobre deu uma aula sobre as causas e os efeitos das mudanças climáticas. Começou explicando o conceito de sistema terrestre que é, em resumo, o somatório de todos os elementos vivos e os não vivos e a interação entre eles. “O homem tem um papel especial neste conceito por ser o único ser com capacidade de transformar o sistema terrestre de uma maneira que nenhuma outra espécie viva até hoje conseguiu”, explicou o climatologista.

Citando dados do IPCC, o pesquisador traduziu os efeitos da ação humana no clima. “A temperatura nos últimos 50 anos não parou de subir. Já subiu 0,8º C. Parece pouco, mas na verdade é muito, pois não podemos olhar esse dado como uma mera flutuação da temperatura, mas sim sob a perspectiva de como a Terra processa as variabilidades naturais”, disse Nobre. “De uma Era Glacial até o período Interglacial, a temperatura varia de 5°C a 6ºC, mas isso leva 10 mil, 12 mil, 20 mil anos para acontecer. Nós, em cem anos, aumentamos a temperatura quase 1º C. Isso significa que aceleramos a máquina climática em 50 vezes. O que faz a diferença não é tanto o valor de temperatura, mas o fato de estarmos acelerando a velocidade. Para se adaptar a essa velocidade, o sistema terrestre vai perder muito coisa e a grande questão que se coloca é se, ao perder funcionalidade, ele também perderá condição de sustentar a vida a longo prazo”, explicou.

Nobre expôs os cenários do clima no futuro traçados pelo IPCC. “Se estabilizarmos a concentração dos gases, como o CO2, por exemplo, na faixa de 600 partes por milhão, vai aquecer 1,8°C grau no século XXI e vai aquecer mais meio grau até o século XXIII. O nível do mar vai subir até o ano 3000. Esse seria um cenário. Para estabilizar nessa concentração, nós temos um trabalho muito grande para fazer. Mas se não fizermos nada, aí pode subir 3,4 graus neste século e continuar a subir sem parar”, afirmou Nobre, lembrando que os países têm a obrigação de se preparar para tais mudanças. “Só se fala em reduzir as emissões. Os países desenvolvidos querem envolver todos na redução das emissões e nós, de certa forma, copiamos essa agenda. Mas a irreversibilidade das mudanças climáticas traz a responsabilidade de se adaptar”, afirmou.

O climatologista enumerou efeitos já visíveis do aquecimento. “O planeta mais quente tem mais energia na atmosfera. Os ventos e as chuvas são mais fortes. O mundo está ficando tropicalizado. Com isso, eventos extremos que eram raros começaram a aparecer com certa freqüência nos últimos três anos. Aumentou o número e a intensidade de furacões registrados no Caribe. Houve enchentes na Venezuela e na Argentina que nunca tinham acontecido. Houve uma seca sem precedentes no oeste da Amazônia. O primeiro furacão observado no Atlântico Sul atingiu o Brasil em 2004. Houve tempestades de granizo em Buenos Aires e La Paz que nunca tinha sido registradas. São exemplos do que já está acontecendo e vai se intensificar”, alertou.

(Fonte: http://www.ecodebate.com.br)