terça-feira, 12 de abril de 2011

Países tentam manter Kyoto vivo

Começou nesta semana em Bangcoc, na Tailândia, uma tentativa dos países em desenvolvimento de manter o Protocolo de Kyoto vivo, mesmo que nações como Japão, Rússia, Austrália e Canadá se neguem a participar do segundo período do acordo.
A primeira fase de Kyoto, que instituiu metas para os países industrializados cortarem as emissões de gases-estufa, termina no fim de 2012 e ainda não está definido se haverá uma continuação. As nações em desenvolvimento, entre elas o Brasil, acreditam que é melhor ter o protocolo com um número menor de participantes do que ficar sem ele.
A União Europeia e os países da Escandinávia permaneceriam dentro do tratado. Eles avaliam que Kyoto tem exigências mais altas e é mais confiável do que qualquer alternativa apresentada hoje.
Mas países como Japão, Rússia, Canadá e Austrália vêm demonstrando não querer continuar em Kyoto. O motivo é que os Estados Unidos não ratificaram o tratado e, dessa forma, até hoje não possuem uma meta para reduzir as emissões.
Outro problema visto por eles é que grandes economias, como a China, a Índia e o Brasil, também não têm obrigação pelo tratado de reduzir as emissões dos gases que provocam o aquecimento global.
A secretária executiva da Convenção do Clima da ONU, Christiana Figueres, deu a entender que é possível trabalhar com a hipótese defendida pelos países em desenvolvimento. Ela afirmou que "não há países que se opõem ao Protocolo de Kyoto" - mesmo que não queiram fazer parte dele. Uma comparação ouvida em Bangcoc foi a seguinte: é como uma pessoa que para de fumar, mas permite que outras continuem fumando.
As organizações não governamentais também consideram que, mesmo incluindo uma parte menor dos países e, portanto, das emissões de CO2, é melhor manter Kyoto. "Seria um desastre muito maior ficar sem o protocolo", afirmou Wendel Trio, em nome da organização Climate Action Network (Rede de Ação pelo Clima).
Artur Runge-Metzger, chefe da delegação da União Europeia, afirmou que o grupo mantém a posição de entrar no segundo período de compromisso de Kyoto. Mas que não quer fazer todo o trabalho sozinho. O que se avalia é que, se decidir ficar em Kyoto, a União Europeia voltará a ser vista como líder do processo.
Já o chefe da delegação americana, Jonathan Pershing, afirmou que não está disposto a integrar um acordo sem a participação das maiores economias - sua maior preocupação é a China, a maior poluidora do mundo.
Decima Willians, que representa 43 pequenos Estados-ilha ameaçados pelas mudanças climáticas, afirmou que o fato de alguns países não terem interesse em continuar no Protocolo de Kyoto "não é encorajador".
Resposta. Christiana Figueres lamentou que os progressos sejam lentos nas negociações climáticas da ONU.
"Preciso confessar que gostaria que o processo fosse mais rápido. As negociações são complicadas." Entretanto, ela ressaltou que hoje não há outro espaço em que todos os países, até mesmo os pequenos e vulneráveis, têm realmente voz - as decisões ocorrem por consenso.
A afirmação pareceu uma resposta ao enviado especial para clima dos Estados Unidos, Todd Stern, que nesta semana fez declarações que minaram o processo da ONU. Ele disse que um acordo internacional era inviável neste momento e a solução seria cada país adotar leis nacionais para cortar as emissões.
As ONGs argumentam que os países que defendem metas nacionais em vez de um acordo internacional são os que não se comprometem ou apresentam metas fracas. Por isso, não é possível confiar que eles agirão sem haver um tratado que os obrigue a fazer isso.
Perfil
2 mil
pessoas participaram da reunião
194 nações
fazem parte da Conferência do Clima das Nações Unidas
PARA ENTENDER
Depois de uma semana reunidos em Bangcoc, os países finalmente chegaram ontem a um consenso e definiram como será o trabalho na área de clima durante este ano.
O chefe da delegação brasileira em Bangcoc, o diplomata André Corrêa do Lago, explicou por que foi tão difícil adotar essa agenda. "Se fizer uma análise muito superficial se dá conta que a agenda era na verdade a ratificação do processo da Conferência do Clima de Cancún (COP-16)."
Em Cancún houve consenso, por exemplo, em se criar um fundo para permitir que os países em desenvolvimento recebam recursos das nações industrializadas para reduzir suas emissões de CO2. Também foi estabelecido o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (Redd), relevante para o Brasil. ]


Fonte: O Estado de São Paulo
Link: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110409/not_imp703912,0.php


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Países ricos e em desenvolvimento concordam em priorizar discussão sobre mudanças climáticas

Agência Brasil

Renata Giraldi


Brasília – Depois de quatro dias de discussões em Bangcoc, na Tailândia, negociadores de países ricos e em desenvolvimento concordaram em dar prioridade à agenda sobre a mudança do clima. Às vésperas de encerrar o prazo para os governos atingirem as metas de redução da emissão de gases de efeito estufa, que, segundo especialistas, é uma das principais causas do aquecimentoglobal - conforme o Protocolo de Quito -, o tema predominou nas reuniões.

Pelo acordo definido no protocolo, há um calendário que deve ser cumprido pelos países, principalmente os ricos, cuja obrigação é reduzir a emissão de gases de efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990 até 2012. As metas de redução variam de acordo com cada país, com níveis diferenciados para os que mais emitem gases.

A secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Christiana Figueres, disse hoje (8) que os debates foram “positivos e construtivos”. Segundo ela, houve demonstrações de que está entre as prioridades o “desejo de manter as regras de Quioto e buscar soluções políticas em 2011".

Christiana destacou ainda que é necessário que cada país cumpra também as metas estabelecidas individualmente para que o plano global atinja os objetivos definidos nas reuniões anteriores. “Em casa, com seu próprio sistema político, é preciso implementar as políticas adequadas. Não é uma escolha entre um ou outro, é um conjunto. País algum pode agir sozinho.”.

Organizada pelas Nações Unidas, a conferência em Bangcoc reuniu 2 mil representantes de 175 países. Participaram do encontro representantes de governos, empresas privadas, organizações ambientais e instituições de pesquisa.

De acordo com as Nações Unidas, a reunião em Bangcoc foi a primeira de uma série de debates internacionais destinados a preparar a Conferência da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Durban, África do Sul, em dezembro. A próxima reunião preparatória será realizada em Bonn, Alemanha, no dia 6 de junho.

Código Florestal: Entenda o que está em jogo com a reforma de nossa legislação ambiental

O coletivo de organizações não-governamentais ambientalistas SOS Florestas lançou esta semana em janeiro de 2011 a cartilha Código Florestal: Entenda o que está em jogo com a reforma de nossa legislação ambiental. A publicação busca explicar, com argumentos técnicos, científicos e históricos, as principais consequências das mudanças propostas pelos deputados ruralistas ao Código Florestal. 

Capa da cartilha
Com o documento, o SOS Florestas procura levar para parlamentares, imprensa e cidadãos brasileiros um debate que vem ocorrendo em portas fechadas, de forma tendenciosa sem ouvir o movimento social, especialistas e academia. A cartilha será distribuída para parlamentares e tem sua versão eletrônica disponibilizada na íntegra no site do WWF-Brasil.

A cartilha é amparada por diversos estudos científicos que foram ignorados na elaboração do projeto de mudanças no Código Florestal apoiado pelos ruralistas. Demonstra que as mudanças causariam devastação da cobertura florestal às margens de cursos d’água, contribuindo para o assoreamento do leito dos rios, aumentando a velocidade de escoamento das águas, provocando erosões e enxurradas.

Fazem parte da frente SOS Florestas as ONGs Apremavi, Greenpeace, Imaflora, Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Instituto Socioambiental (ISA) e WWF-Brasil.



                    






Fonte: http://www.wwf.org.br/informacoes/?27443/Codigo-Florestal-Entenda-o-que-esta-em-jogo-com-a-reforma-de-nossa-legislacao-ambiental

terça-feira, 5 de abril de 2011

Água doce no Ártico pode alterar clima na Europa


Cientistas afirmam que derretimento polar pode mudar padrões das correntes marinhas e da circulação atmosférica


 crescente massa de água doce procedente do gelo derretido no oceano Ártico é uma incógnita de consequências imprevisíveis em futuros cenários climáticos, segundo pesquisadores de dez países europeus.
A massa de água, que em 2009 tinha um volume equivalente a duas vezes o Lago Vitória na África (o segundo maior do mundo) e cujo tamanho aumenta, poderia se precipitar bruscamente no oceano Atlântico caso mudem os padrões atmosféricos atuais.
Esta é uma das conclusões do projeto Clamer, feito por 17 institutos de 10 países europeus e que consiste em reunir e sintetizar mais de 300 pesquisas financiadas pela União Europeia nos últimos 13 anos sobre a mudança climática e seus efeitos sobre os oceanos e mares europeus.
O relatório completo, que teve algumas conclusões reveladas nesta terça-feira em uma nota divulgada à imprensa pelo Instituto Marinho de Flandres, será apresentado em uma conferência internacional na Academia Real Flamenga da Bélgica nos próximos dias 14 e 15 de setembro em Bruxelas.
Durante os últimos 12 anos, os ventos que circulam no sentido horário no Ártico contiveram, sobretudo na região da bacia canadense, uma massa de água relativamente doce proveniente da corrente excepcionalmente elevada dos rios (canadenses e siberianos) e do gelo marinho derretido, explicou a oceanógrafa holandesa Laura de Steur.
Quando este padrão mudar, a água fria penetrará no oceano Atlântico e interferirá no sistema de correntes marinhas (circulação termohalina) que transmite calor em direção ao norte, modera o clima na Europa e leva nutrientes essenciais para a vida marinha.
O que acontecerá então é "difícil de prever", afirma De Steur, embora a cientista descarte como "absurdo hollywoodiano" o cenário de "catástrofe congelada" descrito em 2004 no filme "O Dia Depois de Amanhã".
"As eras do gelo ocorrem em períodos geológicos de dezenas de milhares de anos", assinala De Steur na nota, apesar de admitir que "pode haver grandes mudanças regionais se a circulação do oceano mudar".
Um aumento no fluxo de água doce na superfície do Atlântico Norte pode levar a um significativo enfraquecimento ou um completo colapso na circulação termohalina, visto que provocaria a diluição da água salina e a perda de densidade.
A circulação ocorre por diferenças de densidade, com as massas mais densas tendendo a afundar e as menos densas, a ascender.
Segundo Detlef Quadfasel, do centro climático da Universidade de Hamburgo, as mudanças nestas correntes podem ser abruptas - uma década ou duas -, mas espera-se que sejam mais gradativas.
A maioria dos modelos climáticos prediz para o final deste século um enfraquecimento da ordem de 20% neste fenômeno natural fundamental para o clima e a vida marinha.
"As mudanças nestes parâmetros físicos podem alterar totalmente as condições de vida e a distribuição de muitas espécies" em todas as profundidades, destaca na nota o cientista alemão Thomas Neumann.
No entanto, os cientistas afirmam que o aumento de temperaturas devido à acumulação de gases do efeito estufa na atmosfera pode compensar em parte o efeito de esfriamento que uma redução destas correntes submarinas causaria na Europa.
A mudança climática produzirá outras alterações nos oceanos, segundo os especialistas europeus, como o aumento do nível de água, que será mais quente e ácida, e uma maior proliferação de tempestades.
Fonte: Ultimo segundo - IG

Buraco na camada de ozônio atinge nível recorde no Ártico

O buraco na camada de ozônio acima do Ártico chegou a nível recorde segundo informações da Organização Meteorológica Mundial divulgadas nesta terça-feira (5). A diminuição na camada acima da área chegou a 40% durante o inverno no hemisfério norte. O recorde anterior era de 30%.

Para a OMM, substâncias que destroem a camada de ozônio continuam a ser emitidas como o clorofluorcarbonetos (CFCs) - lançados na atmosfesta por extintores de incêndio, sprays e refrigeradores. Apesar de recorde, o número já era esperado pelos especialistas do órgão ligado às Nações Unidas (ONU).
A perda de ozônio na atmosfera também acontece sobre a região da Antártida. Mas segundo a OMM, os danos na região polar do hemisfério sul estão diminuindo com o tempo, com a recuperação da camada no local.
Proteção
A camada protege a superfície terrestre da exposição exagerada a raios ultravioletas, que podem causar câncer na pele, cataratas nos olhos e comprometer o sistema de defesa do corpo de humanos. Os danos também atingem outros animais e plantações.
A medição foi feita durante o inverno no hemisfério norte, que terminou durante o mês de março. Segundo a OMM, o frio excessivo na estratosfera - região onde fica a camada de ozônio - pode ser uma das causas para a diminuição recorde.
Quando a temperatura nesta parte da atmosfera - entre 10 a 50 quilômetros de altitude, acima da maior montanha da Terra, o Everest, com 8.849 metros de altura - fica abaixo de 78 graus Celsius negativos, o efeito nocivo na camada de ozônio acontece, já que nuvens se formam nas regiões polares e reagem com a camada.
O Protocolo de Montreal, estabelecido há 31 anos, havia combatido o uso de substâncias emissoras de CFCs, mas, para o braço meteorológico da ONU, a causa para a perda de ozônio ainda está ligada a atividades humanas que destroem a camada. O objetivo final do acordo é que os níveis de destruição da camada sejam menores do que eram em 1980.

Fonte: G1

Acesse a reportagem aqui: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/04/buraco-na-camada-de-ozonio-atinge-nivel-recorde-no-artico.html